Silvio é a aguardada produção que prometia revisitar um dos episódios mais tensos da vida do icônico apresentador brasileiro, Silvio Santos. Afinal, quem não gostaria de ver um filme sobre o icônico homem que cativava as tardes dos domingos? Mas quem teve a ideia de dar o papel para Rodrigo Faro? Sim, o ator/apresentador tenta (e falha miseravelmente) em capturar a essência do “Homem do Baú”. O resultado é uma obra que nos faz questionar todas as escolhas de elenco, maquiagem, e, honestamente, a decisão de fazer esse filme em primeiro lugar.
Primeiro, vamos falar sobre a escolha do protagonista. Rodrigo Faro como Silvio Santos é um daqueles castings que faz você parar e se perguntar: “Será que não tinha mais ninguém disponível?” De cara, a caracterização já é um desastre. O trabalho de maquiagem faz Faro parecer mais um sósia de festa infantil do que o lendário comunicador. E a tentativa de entregar a voz inconfundível de Silvio? Inexistente. Em vez de ver um Faro transformado em Silvio, o que temos é simplesmente… Faro, com um terno mal ajustado, tentando ser sério e fazer uma imitação falha de Silvio Santos.
Mas o desastre não para por aí. O filme tenta nos fazer acreditar que Faro pode sustentar a tensão de um sequestro, uma situação onde qualquer pessoa normal estaria no limite da sanidade. Em vez disso, o que vemos é uma performance sem alma, sem profundidade, sem… nada. O Faro que conhecemos da TV é exatamente o mesmo que vemos em Silvio: sem nuances, sem uma transformação real. E isso, em um filme que deveria ser sobre um dos momentos mais desafiadores da vida de Silvio Santos, é imperdoável.
A narrativa, que poderia ser uma interessante mistura de thriller de sequestro e drama biográfico, acaba sendo um exercício tedioso de clichês mal executados. Tudo parece desconexo, como se o filme estivesse lutando para encontrar seu próprio tom, mas sem sucesso. As interações entre Silvio e seu sequestrador, que deveriam ser carregadas de tensão psicológica, acabam sendo diálogos banais que não causam impacto algum. Talvez o único impacto seja o desejo de que o filme acabe logo.
O filme também peca ao retratar outros personagens reais envolvidos na história, como o governador Geraldo Alckmin e a esposa e filhas de Silvio Santos. As atuações são caricatas, os diálogos soam artificiais, e o contexto histórico é mal explorado. Até mesmo os momentos que deveriam ser emotivos, como as lembranças de Silvio sobre sua trajetória de vida, parecem apressados e mal desenvolvidos.
E a direção? Bem, Marcelo Antunez parece não ter decidido se queria fazer um thriller de sequestro ou um filme biográfico, e o resultado é um híbrido desajeitado que não funciona como nenhum dos dois. Em vez de entregar um filme com ritmo e envolvente, temos uma obra arrastada que parece interminável.
Comparando com a série O Rei da TV, que mesmo com algumas liberdades criativas, consegue apresentar um trabalho mais elaborado e interessante na interpretação de Silvio Santos, vemos o quão mal sucedido Silvio realmente é. A série, apesar de suas imprecisões, oferece uma caracterização muito mais convincente e envolvente, especialmente no que diz respeito à atuação e à construção do personagem.
No final, Silvio é um lembrete doloroso de que nem todo ícone merece um filme, especialmente quando esse filme é tão mal executado quanto este. Rodrigo Faro como Silvio Santos? Não, obrigado. É um desastre cinematográfico que só servirá para deixar os fãs do verdadeiro Silvio Santos com saudades de vê-lo em sua forma autêntica, nos palcos da TV, onde ele realmente pertencia.