Space Jam: Um Novo Legado

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Novo Space Jam tem intenção nobre e presença forte de LeBron James, mas não funciona como um filme de 2021

Space Jam se tornou um filme celebração por dois motivos, um pelo esporte, mais precisamente o basquete, que é uma grande paixão, move torcidas e negócios, e outro pela ferramenta de apresentar os Looney Tunes a uma nova geração. Os personagens animados, clássicos da Warner Bros., perderam seu prestígio midiático assim como os desenhos clássicos da Disney, e não é pra menos, o que funcionava até os anos 90, não teve saída de reciclagem para essa geração complicada e cheia de informação. Mas eles ainda resistem pelos produtos licenciados de roupas, acessórios, brinquedos e objetos. Numa ideia de rebootar o clássico filme estrelado por Michael Jordan em 1996, a Warner resolveu criar uma versão do novo século com o grande astro do basquete LeBron James. Apesar de ser um nome muito forte no esporte dos Estados Unidos, sua aura não chega perto do que Jordan foi naquela época, afinal a figura dos heróis se dissipou ao longo dos anos e são poucos os atletas que ganham o investimento para se tornarem acima da média. O mesmo aconteceu com Gisele Bundchen. Existe Kaya Gerber, Gigi Habid, mas nenhuma delas tem o mesmo impacto. Isso é uma questão de mercado e geração. Mas mesmo assim, a presença de LeBron é forte e muito imponente na tela do cinema.

Com um carisma inegável, James abraça as cenas com coragem e fica muito nítido o seu empenho e também sua curtição em estar ali. Dá até a impressão de que suas falas são improvisadas para parecerem mais verdadeiras quando ele as entrega. Acontece que o roteiro não consegue encaixar essa celebração, que o filme exige, da maneira correta e escorrega entre tecnologias e recursos visuais que parecem datados. Na trama, Dom (Cedric Joe), o filho do astro, é raptado por Al G. Rhythm (Don Cheadle), um algoritmo do universo da Warner que promove uma partida de basquete contra LeBron como condição para liberar seu filho. Explicando assim até parece ok e divertido, mas o ritmo, as cenas e os diálogos dão uma impressão desconfortável pela decepção. Sentimento esse, que é resultado de uma nostalgia que vem inconsciente para os fãs do primeiro filme e também para quem tem acesso a histórias mais astutas.

Primeiro que esse é de longe o pior papel de Don Cheadle de sua carreira, isso contando com sua participação forçada no universo Marvel. Talvez se outro ator tivesse sido escalado, suas empreitadas vilanescas seriam mais críveis. Mas além do filme sofrer com esse casting totalmente descabido, faltou uma direção. O trabalho de Malcolm D. Lee por trás das câmeras é infelizmente medíocre e não consegue aproveitar nada de um roteiro que, mesmo sendo ruim, poderia ter uma tomada diferente sobre as cenas mais pastéis. Faltou tato para entender do que realmente o filme se tratava. Pode ter sido uma encruzilhada imposta pela própria Warner? Talvez. Mas ainda assim não justifica tanta falta de personalidade para um filme que permitia uma explosão visual marcante.

Mas a experiência ainda tem salvação, principalmente nos momentos em que os Tunes são recrutados para o jogo e entregam suas cenas mais icônicas como o Pernalonga na barbearia e também momentos de crossover dentro do universo Warner como a Vovó recriando a cena icônica de Trinity em Matrix, LeBron todo punk em Mad Max ou o torneio das Amazonas em Temíscira em que a Mulher Maravilha treina e consagra a Lola Bunny (Zendaya). Mas fora isso, o filme tenta dividir nossa atenção com um algoritmo digno de chacota e o tema central entre a família de LeBron que tinha um potencial gigantesco para cenas bem emocionantes, ficam cada vez mais banais. Sem contar que faltou uma trilha sonora marcante, uma pena de verdade.

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