The Flight Attendant – 1ª Temporada

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Nova série com Kaley Cuoco estraga seu potencial com uma trama ultrapassada e um mix de gêneros que não funciona

A série The Flight Attendant marca o retorno de Kaley Cuoco às telinhas após dez temporadas como a amada Penny de The Big Bang Theory. Agora, além de estrelar a nova série, a atriz também é produtora executiva da produção original da HBO Max inspirada no livro de mesmo título que conta a história de Cassie, uma comissária de bordo que acorda de ressaca num quarto de hotel em Bangkok com um cadáver ensanguentado deitado ao lado dela e se vê envolvida numa investigação internacional para desvendar esse assassinato.

Como evolução na sua carreira, a atriz optou por manter o seu viés cômico conhecido do público, mas com algumas mudanças, principalmente para acompanhar um gênero que flerta com thriller. E ao dizer flertar, é porque a série não sabe muito bem como aproveitar da melhor forma tudo o que tem na mão. Primeiro porque Cassie, a personagem de Cuoco, entra de cabeça numa teia de investigação sem o menor motivo, já que muitas outras saídas melhores poderiam ter sido tomadas pela personagem que parece se sentir atraída pelo caos e isso é de uma covardia tão grande nos roteiros de Hollywood que colocam a mocinha em perigo para conduzir a ação, assim como acontece com Lois Lane em O Homem de Aço e Jane Foster em Thor O Mundo Sombrio.

Apesar de todo o carisma inegável de Cuoco, de uma abertura empolgante e de trilha charmosa, aos poucos vemos a personagem de distanciar cada vez mais da carismática Cassie que conhecemos no início da série, para se tornar uma personagem irritante, que causa por onde passa e ainda tem a capacidade de usar de escudo antigos amores em situações absurdamente egoístas. Isso porque a personagem coleciona contatinhos por todas as aterrissagens em sua profissão e vive uma eterna festa regada a muito álcool. Sem entregar muitos spoilers, isso é o básico que dá pra ser dito sobre sua evolução na trama, que tinha tudo para ser uma Jessica Jones divertida, mas essa ideia acaba sendo comida por um roteiro que desanda do quarto episódio em diante ao vasculhar mais à fundo o passado de Cassie e tentar entregar uma justificativa plausível que explique seu alcoolismo. Outro ponto completamente descartável do roteiro. Que poderia simplesmente assumir as fraquezas de sua protagonista de uma forma mais honesta, sem recorrer a flashbacks que desconectam a audiência da trama investigativa que começa a esquentar e depois esfria. Esses altos e baixos fazem com que os episódios se arrastem e a experiência fique confusa.

A montagem que brinca com divisão de quadros também é um recurso que mais atrapalha do que ajuda nas conexões das cenas e é feito para apresentar uma linguagem de série de espionagem, mas sua utilização se mostra sem sentido. Assim como a música do toque de celular de Cassie que funciona uma única vez como gancho cômico, mas se repete em absolutamente toda oportunidade sóbria do roteiro, que desgasta a piada em segundos.

É nítido o esforço de todo o elenco para fazer com que as cenas funcionem, mas os maiores destaques são Megan, vivida pela subestimada Rosie Perez (Aves de Rapina) e Miranda, interpretada por Michelle Gomez (O Mundo Sombrio de Sabrina). Ambas possuem uma trama paralela que fica mais interessante do que o assassinato principal. A única coadjuvante que está desencaixada na série é Annie (Zosia Mamet), que só adiciona chatice às suas cenas com Cassie. A personagem se mostra tão alheia a tudo, tentando puxar um carisma pela sua personalidade fria e de repente vira a amigona da vizinhança a ponto de perder a carreira para ajudar a amiga bêbada e isso simplesmente não convence.

Com vários furos na história e uma protagonista genérica, a série acaba perdendo o charme de ser um thriller cômico de espionagem ao levar a sério demais os traumas de Cassie e faz a gente sentir saudades de filmes como Agente 86 e As Panteras.

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