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The Leftovers – 2ª Temporada

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Com qualidade impecável, a segunda temporada fala sobre culpa e a penitência.

Uma espécie de seita onde todos se vestem de branco e fumam cigarros incessantemente, onde não há perdão, mas manipulação dos que estão de fora. Os remanescentes culpados, como assim se intitulam, recrutam pessoas severamente afetadas pelo ocorrido no dia 14 de outubro, onde 14 milhões de pessoas desapareceram da Terra. Isso pode ser sedutor para quem também se encontra de uma certa maneira sumido.

A primeira temporada de The Leftovers foi um soco no estômago em termos de narrativa e densidade, com todos seus mistérios, misticismos e linguagem que confundia cada vez mais o público, mas com o passar dos episódios os personagens ficaram bem interessantes e a série se tornou mais sólida. O que antes era só sofrimento e perdas, se tornaram conquistas e facilitadores nesse ano 2, coisas duvidosamente boas começam a acontecer repetidamente para as pessoas que se mudam para a única cidade isenta e pessoas sumidas, Jarden, ou Milagre, como foi apelidada. A promessa de um lugar milagroso e especial faz com que a maior parte do elenco se mude para a cidade, contando com a esperança de estarem seguros. Claro que uma cidade com tal fama não poderia deixar de se tornar turística e criar realmente um mito sobre o lugar em si e seus suplementos, como água, terra, ar, tudo pode ser comercializado.

Dessa vez há uma suspeita de que trás garotas tenham sumido justamente em Jarden, levando a especular que elas tenham desaparecido, uns acham que elas estão mortas, outros que elas estão pregando uma peça em todo mundo fingindo que houve outra partida repentina, isso gera oportunidade para os remanescentes culpados fazerem com que todos lembrem do que aconteceu no 14 de outubro. O intrigante são as diversas teorias que os espectadores criam na cabeça com o passar das histórias, uma hora você acha que tal coisa aconteceu, mas no episódio seguinte outra pista surge e além de surpreendido você fica tentando encaixar cada uma das pistas. Mas o que realmente aconteceu e o por quê, só no final de tudo mesmo.

A dinâmica irritante e brilhante entre Patti Levin (Ann Dowd) e Kevin Garvey (Justin Theroux) está de volta e faz todo sentido, já que a personagem talvez seja a única que tenha alguma resposta para o que está acontecendo com ele. A ponto de ter um surto psicótico, o ex policial tenta se livrar dessa presença incômoda da sua maior inimiga enquanto precisa manter a famí­lia que ele escolheu e tanto ama.

De uma certa maneira, os que foram poupados se questionam do por quê foram poupados, se isso é uma espécie de penitência, ou se o mundo já acabou, enfim, viver com um trauma desse pode ser desesperador, mas a maioria dos personagens, como Nora (Carrie Coon) conseguiu se enxergar um futuro longe desses questionamentos, tentando se organizar como uma famí­lia, por mais desconexa que seja, mas na intenção de confiar que nada de ruim como a partida repentina, vai acontecer de novo.

A HBO se supera novamente quando chega próximo do final da temporada, o episódio 8 em específico, transforma tudo de cabeça para baixo e inova de uma maneira inteligente, com jogos de inconsciente, vida e morte. A série que antes parecia datada, se mostrou muito mais promissora, com atores excelentes, roteiro e direção alinhados, a série não vai revelar seu segredo tão cedo, e nesse caso não é algo irritante como em outras séries que escondem o jogo e enrolam até o seu final, porque isso não é o importante dessa história.

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