TOC TOC TOC – Ecos do Além

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“Toc Toc Toc - Ecos do Além” é permeado por temas atuais, como alienação parental, violência escolar, e solidão

Em uma determinada noite um menino acorda assustado escutando batidas que parecem vir da parede do seu quarto. Mesmo desacreditado por seus pais, ele passa a investigar os sinistros sons, revelando um segredo obscuro que foi mantido escondido durante toda sua vida.

O roteiro de “Toc Toc Toc – Ecos do Além” é permeado por temas atuais, como alienação parental, violência escolar, e solidão, distribuídos ao longo de uma história sobre um menino perdido e solitário, que passa a confrontar um terrível segredo de família, em um contexto em que o terror se encontra tanto dentro quanto fora de casa, manifestado de várias formas.

O filme é visualmente bonito, e a fotografia é muito interessante, sempre trazendo referências visuais, seja de diretores consagrados como Alfred Hitchcock e Stanley Kubrick. Produções cinematográficas como as asiáticas, e também das americanas que fizeram sucesso nas duas primeiras décadas dos anos 2000 também são lembradas.

Construído aos poucos, passando por diferentes subgêneros do terror, alcançando lentamente os plot twists que diferenciam a obra, a direção também busca trabalhar bem a solidão, terror pessoal, e os momentos de forte inquietação.

As atuações são de boa qualidade, apresentando todas as nuances que fazem os personagem tão característicos, trazem credibilidade, e prendem a nossa atenção. O núcleo de personagens é bem enxuto, dando um toque mais intimista para o filme.

Peter (Woody Norman) é um menino solitário e recluso, que vive sob a tutela de pais dominadores, passivo-agressivos que dão pouquíssimo espaço para o crescimento pessoal e emocional do filho. Carol (Lizzy Caplan) e Mark (Antony Starr) são os pais de Peter, que de início até aparentam ser amáveis e compreensíveis, mas, que a medida em que os acontecimentos se desenrolam, demonstram toda a sua podridão, não somente como pais, mas, como pessoas também. Miss Devine (Cleopatra Coleman) é a professora substituta da bagunçada turma de Peter, e que em uma escola que parece não se importar muito com o comportamento dos alunos, é a pessoa que mais demonstra carinho e preocupação com o protagonista.

“É normal ouvirmos estalos à noite”. Essa é a frase que revela a tônica do filme, que é o “esconder”, o “não vamos falar sobre isso”, presente em cada detalhe, como os pais que mantém em segredo seu passado e suas personalidades, a escola que não presta atenção no comportamento dos alunos até ser tarde demais, assim como toda a dinâmica da obra, que o tempo todo quer nos fazer pensar que o que estamos vendo é algo estabelecido, quando na realidade, existe outra coisa mais sinistra por trás, e a cada novidade, o processo se repete.

A produção, no original, se chama “Cobweb”, que traduzindo livremente é aquela teia de aranha antiga, empoeirada, escondida atrás dos móveis e paredes. O que faz todo o sentido com o mistério central do filme, e é um título bem melhor que “Toc Toc Toc -: Ecos do Além”.

Claro, o filme está longe de ser perfeito, pois existem lacunas, sejam elas do passado ou do presente, que ficam inexplicadas ou vagamente respondidas, e isso pode causar frustração nos espectadores que tenham predileção por produções mais concisas neste ponto. Uma das características mais interessantes presentes na obra é a mudança no estilo do subgênero, que no último ato se torna muito intensa, quase como se fosse um filme completamente diferente.

O filme se passa próximo ao Halloween, e pra mim isso é um diferencial que amortece os pontos negativos que observei, pois, geralmente nessa época, e especialmente na data em questão, tudo pode acontecer, sem motivos ou razões, já que o véu entre os mundos dos vivos e dos mortos se torna tênue, propiciando o aumento da atividade sobrenatural, assim como o comportamento errático dos mortais.

Sendo assim, concluo “Toc Toc Toc -: Ecos do Além” como sendo um conto de Halloween, com uma pegada de certa maneira American Gothic, que apesar de alguns vazios, entretém, nos traz alguma reflexão, e em alguns momentos mexe com as nossas emoções, com sensações que vão desde angústia e apreensão pelo suspense e mistério, até o nojo em cenas de revirar o estômago.

Curiosidades:

  • Primeiro filme de terror produzido pelo ator Seth Rogen.
  • Além de “Toc Toc Toc -: Ecos do Além”, Woody Norman também estrelou outro filme de terror em 2023: “Drácula – A Última Viagem de Deméter”.
  • Luke Busey, que interpreta Brian, é filho do ator Gary Busey.
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