Gerard Depardieu tem uma das carreiras mais prolíficas do cinema francês dos últimos 50 anos. Ele já roubou (Os Fugitivos), estuprou (Corações Loucos), colonizou (1492 – A Conquista do Paraíso), usou um nariz estranho (Cyrano de Bergerac) e falou inglês (Green Card – Passaporte para o Amor). Mas até agora nós nunca o vimos tentar fazer rap – uma das cenas mais memoráveis de Tour de France.
No filme, que esteve no último Festival de Cannes, Far’Hook (o rapper Sadek) é um jovem rapper de vinte anos que é forçado a deixar Paris por um tempo. Seu produtor, então, recomenda que o jovem artista passe um tempo com seu pai, Serge (Depardieu), um homem decidido a seguir os passos de Joseph Vernet, um famoso pintor francês. Logo, o rapper se junta a Serge e a jornada dos dois criará uma amizade improvável entre dois homens extremamente distintos.
A amizade de Serge e Far’Hook é o ponto alto de Tour de France. Ela prepara o cenário para falar sobre um conflito cultural muito presente na França atual. Mas apesar de grandioso em seus temas, o filme nunca deixa de ser previsível enquanto o enredo nunca se aprofunda totalmente em temas como exílio, regeneração e o que significa ser francês.
Se podemos dizer que existe uma dupla estranha, essa definitivamente é formada por Far’Hook e Serge – dois falsos autores livres que representam visões totalmente opostas da França atual. E é aí que o diretor Rachid Djaidani lança luz nos temas complicados explorados de forma rasa por Tour de France.
O diretor (filho de imigrantes) nunca foi sutil em seus trabalhos e aqui ele é enérgico em extrair boas atuações que salvam o filme como se fossem improvisadas. Nesse sentido, Djaidani consegue nos presentear com algumas situações memoráveis, mas não necessariamente você vai ser tocado por elas.