Tubarão

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“Tubarão” comprova que a necessidade é a mãe da invenção.

Além de assustar milhões de cinéfilos e diminuir as receitas de muitos dos resorts de praia da América no final dos 70, duas outras situações significativas podem ser atribuídas a “Tubarão”:

Primeiro: com uma receita bruta de mais de US$ 250 milhões (contra um orçamento de US$ 12 milhões), o filme estabeleceu um plano para o sucesso de bilheteria que tem sido seguido desde então. “Tubarão” foi o primeiro mega-sucesso do verão, mas, como Hollywood aprende com suas histórias de sucesso, não foi o último.

O filme também catapultou um até então pequeno diretor chamado Steven Spielberg para a fama. Logo, Spielberg seguiria o sucesso de “Tubarão” com “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”, “Os Caçadores da Arca Perdida” e “E.T. O Extraterrestre”.

Quando o diretor concordou em dirigir “Tubarão”, ele talvez não tivesse percebido os desafios que enfrentaria no caminho para transformar o romance em um grande filme. Como afirmou em entrevistas recentes, ele era “jovem e destemido – ou talvez apenas burro”.

Embora o resultado final tenha se tornado um thriller envolvente e emocionante, as provações para chegar a esse resultado foram quase intransponíveis. Hoje, com a tecnologia de computação gráfica tão avançada, completar “Tubarão” seria algo muito mais simples e até “sem graça”. Mas as filmagens ocorreram em 1974, quando os efeitos especiais significavam o uso de animatrônicos rudimentares. Criar um tubarão branco convincente foi uma tarefa gigantesca.

Diz-se que “a necessidade é a mãe da invenção”, e isso nunca foi tão verdadeiro quanto no caso de “Tubarão”. Durante a primeira hora, os únicos vislumbres que temos do tubarão são indistintos. Mesmo depois que a fera faz sua primeira e angustiante aparição, a câmera não se detém nele. Apenas nos quinze minutos finais, quando ele cai no convés de um barco e ataca os protagonistas, somos brindados com um longo olhar para o tubarão. A partir dessas cenas finais, fica claro por que o tubarão do título fica tão pouco tempo na tela – parece falso. Se o filme de Spielberg não tivesse nos capturado tão bem a essa altura, estaríamos rindo à toa com a cafonice da criatura animatrônica.

Spielberg admite abertamente que, se a tecnologia fosse melhor e se o tubarão mecânico tivesse funcionado com mais eficiência, ele o teria mostrado mais cedo e com mais frequência. Ironicamente, é essa desvantagem que resulta em um dos grandes pontos fortes do filme – ao manter o tubarão escondido do público, o filme eleva o suspense a um alto nível. Muitos diretores depois de Spielberg usaram essa abordagem “menos é mais” para filmes de monstros, mas poucos empregaram a técnica de maneira tão brilhante e bem-sucedida.

Já a música de “Tubarão” não é nem a melhor nem a mais empolgante de John Williams, mas o tema do tubarão, que tem sido usado em inúmeras paródias, é uma das trilhas mais reconhecíveis na história da música cinematográfica. A razão é simples – é singularmente eficaz. Combinada com as tomadas de câmera da “perspectiva do tubarão”, a música de Williams é suficiente para evocar a aproximação da criatura, mesmo quando não a vemos.

O enorme sucesso de “Tubarão” levou o estúdio a realizar três sequências, cada uma das quais foi mais mal avaliada do que sua antecessora. No entanto, o primeiro “Tubarão” sempre será o melhor. Quando se trata desse tipo de suspense, nenhum filme conseguiu superá-lo, embora muitos tenham tentado. E, com o passar dos anos, parece cada vez mais improvável que algo assim aconteça.

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