Filmes de guerra são sempre complicados, muitas vezes pesados demais ou com uma reconstituição de época muito pobre. Não é o caso de Viva a França!, novo filme do diretor Christian Carion, que já obteve sucesso com o tema em Feliz Natal, de 2005.
Viva a França! é um drama que está mais para um triste road movie do que para um filme de ofensiva de guerra. Ele descreve o momento histórico no qual a Alemanha atacou a França, em maio de 1940, forçando 8 milhões de cidadãos franceses a fugir do exército nazista, no que se tornaria um dos maiores êxodos populacionais da história moderna.
É um cenário e um tema impressionantes para um filme tão comum e previsível. Ele tem todas as notas certas, mas não faz nada de realmente excitante ou envolvente com o assunto.
Carion, acostumado a fazer dramas históricos com apelo para momentos da guerra, parece um pouco perdido na narrativa de Viva a França!, o que é estranho vindo de um cineasta que foi nomeado ao Oscar por Feliz Natal! e teve em Adeus às Armas (em tradução livre), de 2009, um filme subestimado, mas com ótimas performances dos cineastas Emir Kusturica e Guillaume Canet.
Em Viva a França!, o diretor volta a trabalhar com Laure Irrmann e Andrew Bampfield no roteiro, e tenta contar a história de 8 milhões de pessoas em uma escala íntima, acompanhando um punhado de personagens em fuga das forças alemãs através das terras francesas. O filme foca em um alemão resistente, Hans (August Diehl), e seu filho, Max (Joshio Marlon), que fogem de seu país para os campos da França apenas para terem sua nova morada evacuada quando a guerra vai em sua direção. Com o prefeito Paul (Olivier Gourmet) e a professora Suzanne (Alice Isaaz) conduzindo a caravana, os habitantes da cidade embalam seus pertences e, lentamente, e fazem a viagem – a pé e de carruagem puxada por cavalos – para o oeste, com os nazistas em seu encalço.
Enquanto isso, Hans foi parar na prisão (por razões explicadas pela primeira vez em uma sequência de edição meio vaga), mas é libertado assim que os alemães invadem a França. Ele cruza o caminho de um capitão escocês, Percy (Matthew Rhys), cujo esquadrão inteiro é morto por soldados do Reich, deixando os dois homens para cuidar um do outro, enquanto Hans sai em busca do seu filho e Percy em busca dos britânicos que estão em retirada.
Carion vai cortando sistematicamente entre as histórias paralelas, seguindo Max e os aldeões enquanto fazem seu caminho e Hans e Percy apenas alguns passos atrás deles. Ambos os “grupos” enfrentam obstáculos ao longo da estrada, mas os arcos emocionais são fáceis de acompanhar e longe de ser inovadores: Hans faz de tudo para se reencontrar com seu filho, enquanto Paul faz tudo que julga o melhor para os seus eleitores.
O resultado acaba sendo um filme não tão intenso como deveria, já que estamos sempre nos distanciando de um lado ou de outro e nunca nos apegamos totalmente aos personagens de ambas as narrativas. No entanto, o problema é relativamente brando e não estraga a experiência do filme. Carion conclui a viagem praticamente da maneira que você espera.
P.S.: A trilha de Ennio Morricone é o ponto alto do filme.