Nada melhor do que começar o ano com uma animação Disney estreando nos cinemas. Pensando bem, melhor do que isso só a lista completa de lançamentos marcados para 2019, mas começar com WiFi Ralph – Quebrando a Internet foi uma ótima opção. O filme está sensacional!
O estúdio consegue novamente unir diferentes públicos em frente da mesma telona, pois não importa se o espectador não viveu em um mundo sem internet ou nunca viu um fliperama, ele vai curtir o filme tanto quanto quem passou por essas experiências on e off-line.
Ralph e Vanellope são melhores amigos, daqueles a ir ao infinito e além um pelo outro. É por isso que quando Ralph vê o jogo da amiga ameaçado de extinção, ele vai tentar de tudo para ajudar, pois após um acidente, o volante do jogo da Corrida Doce quebra, e precisa ser reposto. A dupla se lança numa busca através da internet pelo único modelo disponível, mas acabam descobrindo coisas sobre o universo online e si mesmos das quais nem faziam ideia.
A contextualização do cenário em que a história se desenvolve é um dos pontos fortes do longa. Isso porque a jornada dos dois personagens principais e as mudanças de ambientes pelas quais eles passam fica muito clara, uma vez que o fliperama está relacionado a estar plugado, a possibilidades limitadas, enquanto a internet é uma rede de conexão com possibilidades infinitas, que existe independente de um aparelho estar conectado à tomada.
Outro ponto forte é a personificação de conceitos da internet, pois como Ralph e Vanellope veem tudo pelo lado de dentro, eles passam por modens, por cabos e conexões wi-fi, coisas que nunca tinham visto antes e que, acredito, o espectador ainda não tinha tido a oportunidade de ver tão bem caracterizado em um filme. Além disso, quando “chegam à Internet” eles se encontram com personagens que representam pop ups, bloqueadores de pop ups, coletadores de likes, e até de redes sociais, como no caso de passarinhos que se reúnem em uma árvore e cantam tweets. Fora que cada site, ecommerce e jogo, é mostrado como uma loja ou uma empresa, um lugar que literalmente pode ser visitado por eles.
Outro prato cheio para quem assistir ao filme são as referências a outros filmes, personagens, games e afins, distribuídas sem dosagem em cada cena. Elas deixam tudo muito mais divertido e parecem ter sido feitas especialmente para quem fosse entender cada uma (mesmo que não excluam quem não percebe todas). O ápice nesse quesito, e minha parte favorita do filme inteiro, é o encontro de Vanellope com as Princesas Disney. Tudo nessa sequência de cenas é maravilhoso: o diálogo, a interação delas, as piadas, a personalidade de cada uma, as características de cada uma, até a voz original de algumas delas (que vale tanto para a versão dublada como a em inglês). Em apenas alguns minutos elas todas conversam e anos de magia Disney são trazidos à tona, com aquele toque de modernidade e empoderamento pra ninguém colocar defeito.
A trama se encerra com uma reflexão sobre amizades abusivas que apesar de leve é extremamente relevante, e mostra que os roteiros cinematográficos, desse estúdio pelo menos, seguem não ignorando as mudanças comportamentais do mundo real. Aqui no Quadro por Quadro, WiFi Ralph – Quebrando a Internet só não vai ganhar a nota máxima por um errinho: teoricamente, os personagens não podem não estar em seus jogos quando o fliperama abre, certo? Então como o final do filme é possível?