França, início dos anos 1990. O grupo ativista Act Up está intensificando seus esforços para que a sociedade reconheça a importância da prevenção e do tratamento em relação a AIDS, que mata cada vez mais há uma década. Recém-chegado ao grupo, Nathan (Arnaud Valois) logo fica impressionado com a dedicação de Sean (Nahuel Pérez Biscayart) junto à causa, apesar de seu estado de saúde delicado.
No cinema francês a contemplação realmente é algo recorrente. 120 Batimentos Por Minuto, novo filme de Robin Campillo, prova isso em grande escala com uma produção envolvente e dramática. São 140 minutos de interação com um dos temas tabus, mesmo nos dias de hoje.
A Act Up é uma organização ativista que luta para que o governo melhore as condições de quem é portador do vírus da AIDS. Eles reivindicam que o governo melhore em relação as pesquisas, tratamentos e as próprias campanhas de conscientização com a população francesa. Se intuito é que a população entenda que se trata de uma grande epidemia, que na década de 90, tem seu grande surto. Uma doença avassaladora que vem para mudar hábitos e pensamentos.
Somos contemplados por um elenco envolvente e verdadeiro, pois grande parte dos ativistas da organização são portadores do vírus e lutam por algo muito maior – que o governo, os laboratórios e a população entendam que se trata de ima grande epidemia. No meio de tudo isso quem está do outro lado da tela quer participar junto e dar voz a causa.
Em certos momentos é possível se sentir em um documentário, parece que tudo está em tempo real. Os discursos, as manifestações, os embates com a polícia e as invasões nos laboratórios, parecem reais demais.
Entre tantas lutas, o envolvimento maior fica por conta do principal casal da trama Nathan Sean. Pura química do início ao fim, impossível não sentir esse romance, cheio de dramas e dificuldades no meio de uma luta muito maior. Não é fácil enfrentar a doença, onde o único recurso de tratamento é super doloroso e todos os medicamentos causam reações muito severas aos pacientes. Sean tem todo o estigma da doença, mas Nathan vê um algo a mais no seu jeito de querer mais por ele e pelos outros.
120 Batimentos Por Minuto é um filme que motiva, faz querer acordar e entender como somos reféns do mundo quando pertencemos a minorias constantemente esmagadas por pensamentos demagogos e ultrapassados.