Existem diferentes tipos de filmes de terror e seus públicos. Por exemplo, tem gente que tem pavor de filme de espírito, mas assiste filme de assassino serial na boa. Tem gente que não vê filme com o demônio nem que o Papa baixe um novo mandamento, mas assiste filme de espírito com tranquilidade, e dorme como um anjinho. Mas tem um tipo de filme de terror que tem um tipo de público bem específico. É, os filmes de terror gore não são para qualquer estômago. Eu quase morri quando vi a cena do cara lacerando o tendão do Josh em O Albergue (vem conferir aqui, vem!), mas aguentei firme. E fiz careta na cena do machado de Kill List (prefiro que você não veja, mas deixo aqui), mas foi assim um segundo. Ou seja, curto filme de gore mesmo, ao ponto de ter visto toda a franquia Jogos Mortais no cinema. Se você é dos meus, vai gostar muito de A Autópsia, filme de terror da semana que não economiza sangue e muitas vísceras.
Mas não só de gore vive um filme de terror, pelo menos não um filme bom de terror. E A Autópsia é dos recomendáveis, com história redondinha, que fecha bacaninha no final. Ele conta a história de um corpo encontrado no porão de uma família que acabou de ser assassinada. O corpo intacto de uma mulher, semi-interrado, que tem aparência de estar viva, mas está morta. O xerife da cidade leva o corpo para o necrotério local, e Tommy Tilden (Brian Cox) e seu filho, Austin Tilden (Emile Hirsch) vão passar a noite tentando desvendar o mistério por trás desse achado.
O filme tem suspense, terror, sangue, um pouco de tudo. Você fica pregado no filme o tempo todo, acompanhando pai e filho em suas descobertas. E eles ainda colocam tudo em um quadro, dispondo as pistas para que trabalhemos com eles na investigação. Acredito que algumas pessoas vão juntar as pecinhas e desvendar o mistério, mas eu não fui uma delas, e fiquei surpresa com o final.
Além de bom roteiro, edição e atuação, tenho que dizer que achei positivo ter um pai e um filho como atores principais filme. Para um filme de terror, isto é surpreendente, e me pareceu funcionar muito bem. Mas, por outro lado, a falta de mulheres no filme me deixou decepcionada (a namorada do Austin aparece por alguns minutos), sentimento que só foi reforçado pelo corpo de Jane Doe (em tradução livre, uma “Zé ninguém”, como falamos em português, pois o corpo não tinha identidade) ter aparecido nu durante toda a duração do filme, e ter sido dilacerado durante a autópsia.
Se o filme vale a pena? Ha, muito! Não só a pena como um balde de pipoca, com jujubas no topo e um litrão de refri do lado.