Estar dividido não é fácil, ainda mais quando nos colocamos diante de uma situação que envolve pessoas importantes para nós, como a família e os amigos, sem esquecer da própria consciência. Podemos ficar à espera de que as coisas se resolvam sozinhas ou tomar uma decisão com suas possíveis consequências positivas e negativas. Neste drama que une Bélgica, França e Paquistão na produção, a problemática está no conflito entre costumes e sentimentos, obrigação e vontades, compromisso e liberdade… Opostos que seguem em paralelo durante a narrativa.
O longa, dirigido pelo belga Stephan Streker, traz a trama de Zahira (na pele de Lina El Arabi, convincente no papel), uma jovem de apenas 18 anos que vive na França e está acostumada com o estilo de vida ocidental. Filha de paquistaneses, ela se vê oprimida quando seus pais lhe apresentam três “opções” de noivo ao mesmo tempo em que precisa esconder uma gravidez. Seu único refúgio é Amir (Sébastien Houbani), irmão mais velho com quem consegue expor suas visões sobre mundos completamente diferentes.
Por ser praticamente uma adolescente, a protagonista começa a lidar com os conflitos naturais da idade, em que tudo é novo e duvidoso, enquanto tenta escapar de uma vida aprisionada por pensamentos ancestrais. Zahira busca maneiras de resolver os desafios do melhor jeito possível, ainda que precise desapontar outras pessoas, já que percebe a importância da felicidade pessoal, estado pelo qual precisa pagar um alto preço.
O diretor consegue trabalhar o tema com delicadeza e cautela, sem muito desejar surpreender, uma vez que divergências culturais já renderam e continuam rendendo polêmicas e muitas discussões no meio artístico. Para nós, acompanhar a trajetória d’A Garota Ocidental é aprender a compreender as diferenças, em que os obstáculos estão acima de simples decisões rotineiras. É necessário abrir a mente para enxergar o quão difícil pode ser a vida das vítimas de tradições que enfrentam a autonomia humana.