A Mão que Balança o Berço (2025)

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"A Mão que Balança o Berço": A doce face do perigo

A refilmagem de A Mão que Balança o Berço traz de volta o suspense doméstico que marcou o clássico de 1991, agora reinterpretado pela diretora Michelle Garza Cervera. A nova versão, estrelada por Maika Monroe e Mary Elizabeth Winstead, não tenta apenas refazer a história, mas atualizá-la para um contexto em que maternidade, carreira e segurança familiar se tornam territórios ainda mais complexos e frágeis.

Logo no início, conhecemos Caitlin Morales (Winstead), uma advogada obstinada que dá à luz entre uma reunião e outra — símbolo de uma mulher moderna que se recusa a escolher entre a profissão e a maternidade. É justamente essa sobrecarga que abre espaço para a entrada de Polly (Monroe), uma babá de aparência doce, eficiência impecável e intenções cada vez mais sombrias.

Michelle Garza Cervera, que já havia explorado os terrores da maternidade em Huesera, usa o gênero aqui para falar sobre vulnerabilidade e confiança. O lar, espaço de segurança e afeto, torna-se uma arena de manipulação psicológica, onde gestos de cuidado se confundem com armadilhas. O suspense cresce em ritmo controlado, sustentado mais pela inquietação do que por sustos fáceis.

A força do filme está nas duas atuações centrais. Mary Elizabeth Winstead transmite com precisão o desgaste e a paranoia de uma mulher que começa a duvidar da própria percepção, enquanto Maika Monroe — que já havia brilhado em Corrente do Mal e Observador — encarna uma vilã magnética, cuja serenidade esconde um abismo emocional. A dinâmica entre as duas é o motor da narrativa, um duelo silencioso entre razão e obsessão.

O roteiro de Micah Bloomberg reimagina a trama original com mais nuances, evitando caricaturas. A maternidade não é romantizada, e o filme acerta ao explorar o medo de perder o controle — seja sobre os filhos, o lar ou a própria vida. Pequenos detalhes, como o uso de tecnologia e o isolamento emocional das personagens, atualizam a história sem diluir seu impacto.

Visualmente, o filme é elegante e inquietante, com uma fotografia fria que reflete o distanciamento emocional dos personagens. Cervera cria uma tensão constante, alternando planos fechados e silêncios que tornam o espectador cúmplice da desconfiança de Caitlin. O resultado é um thriller que prefere insinuar o horror a escancará-lo, deixando que o medo se instale lentamente.

No fim, A Mão que Balança o Berço se destaca por equilibrar respeito ao original com uma relevância contemporânea. Mesmo sem alcançar o mesmo impacto do clássico, o filme confirma o talento de Cervera em explorar o psicológico feminino dentro do terror — e prova que, às vezes, o verdadeiro perigo vem disfarçado de cuidado.

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