Deixe-se encantar por este maravilhoso filme francês, A Musa de Bonnard, que a cada cena nos presenteia com um ulá-lá-lá diferente!
Marthe (Cécile de France), uma trabalhadora industrial, aceita o convite de posar para Pierre (Vincent Macaigne), um pintor em ascensão. As horas que ambos passam juntos são o início de uma vida inteira compartilhada. Vida essa que se torna eternizada em telas que ele produz e nas quais ela está presente em aproximadamente 1/3. Juntos eles desafiam as convenções e vivem todos os seus sentimentos com a intensidade que merecem.
O filme acontece no ritmo das grandes paixões, dos amores da vida inteira que o universo faz de tudo para juntar e manter unido. As primeiras cenas são tão avassaladoras quanto o início dos relacionamentos. Mostram intensidade, deslumbramento, planos para tudo e para nada ao mesmo tempo. Assim que a narrativa avança e alguns poucos anos passam, o amor está no ar e aquece o casal de personagens principais que já não queimam mais como fogo de palha. Eles tem um lar, cachorrinhos, algo tátil que chamam de seu além de um do outro. Depois ainda, quando décadas tomaram lugar das tardes juntos, os desafios querem se intrometer no romance, roubar seu lugar ao sol. E é então que eles se redescobrem amantes apaixonados e percebem que nada vai separá-los.
Há grande veracidade no retrato que o filme fez da vida e obra do pintor Pierre Bonnard, por isso é fácil de se deixar levar e desejar que a presença de Marthe tenha sido exatamente como foi retratada no longa. Ele foi conhecido entre os seus e no país como “o pintor da felicidade”, alguém que nutria profundo respeito, admiração e amizade pela cor, e que sabia traduzir a luz como ninguém. Depois que assistimos ao filme, é impossível não relacionar essas características do artista com a presença de sua musa.
Vale a pena trocar a pipoca por uma taça de vinho e se deliciar com cada pincelada do filme.