Ajuste de Contas

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Em “Ajuste de Contas” as referências de dois grandes personagens retornam para alimentar o sentimento de saudosismo que vem pairando no ar das telonas

Dois gigantes dos ringues cinematográficos dos anos 80, Jake LaMotta e Rocky Balboa, duas figuras emblemáticas e temperamentais do boxe se encontrando 30 anos depois do seu auge, que tal? Parece e é coisa de filme, essa é a proposta – apenas trocando o nome dos protagonistas – de Ajuste de Contas (Grudge Match, 2013), dirigido por Peter Segal e protagonizado por Robert De Niro e Sylvester Stallone.

Billy “The Kid” McGuigan e Razor Sharp são dois rivais no boxe aposentados, beirando aos 60 e poucos anos, eles são convencidos a desistir da aposentadoria e voltar aos ringues para ter a sua última grande luta, onde além de ganharem uma bolada em dinheiro, poderão finalmente resolver seus problemas pessoais desde a última vez que se encontraram frente a frente.

Quem teve a infância nos anos 80 e 90 provavelmente não conseguiu escapar de vários personagens caricatos da Sessão da Tarde, a famosa sessão da TV Globo responsável por muitos cinéfilos que hoje estão quase na casa dos 30 anos. Sylvester Stallone provavelmente tenha sido um dos atores que mais incorporou personagens que fizeram parte do imaginário da garotada e jovens da época. Falcão, Rambo, Cobra e principalmente o lutador Rocky foram alguma das figuras que representavam o universo de força, garra, humildade com um jeitinho cheio de piadinhas aleatórias. Já Robert De Niro, com um currículo cinematográfico mais encorpado – apesar dos últimos tempos estar topando qualquer empreitada – ficou marcado com filmes mais renomados como “Taxi Driver”, “Touro Indomável” e “Poderoso Chefão”, também criando um perfil específico com o público.

Em “Ajuste de Contas” as referências de dois grandes personagens retornam para alimentar o sentimento de saudosismo que vem pairando no ar das telonas. Não deve se cometer o engano de achar que o filme não cumpre a promessa de divertir e de entreter. Justamente por trazer duas figuras tão presentes no imaginário do público, o longa diverte por ter tantas referências aos clássicos oitentistas, protagonizados por ambos, mas isso também torna o filme cansativo e pouco, quase nada, criativo.

O que Tim Kelleher, que escreveu o argumento, fez foi jogar os enredos da saga Rocky, inserir o protagonista do clássico “Touro Indomável” de Scorsese, aliviar o clima dramático e torná-los dois senhores rivais, sempre com uma piada pronta na ponta da língua para arrancar boas risadas dos espectadores e referências nítidas aos filmes dos anos 80. Stallone continua mantendo a linha “bom de braço bonzinho”, clássico de Rocky Balboa. E Robert De Niro mantém a linha durão, difícil de ser dobrado quando se trata de seus sentimentos para com as pessoas.

Peter Segal, que conta com um currículo de comédias que se esforçaram, mas resvalaram em alguma altura do enredo como “Mong e Lóide” e “Como se fosse a primeira Vez”, mantém uma linha de direção que respeita basicamente o roteiro que por vez é focado em fazer um remix de referências e causar a comoção de ver Stallone, que acaba tomando a cena em muitos momentos, trabalhando na redenção de algum erro do passado. E isso tudo é ruim? De forma nenhuma, afinal quem não gosta de um saudosismo descompromissado?

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