Há dezenas de filmes que exploram narrativas exóticas, diferenciadas, originais. Alguns conseguem exprimir autenticidade, evocar empatia, conquistar o público. Não é o caso de Além da Ilusão (Planetarium, no original), que não exibe nenhum planetário durante todo o filme. Ele conta a história de duas irmãs americanas médiuns, Laura (Natalie Portman) e Kate Barlow (Lily-Rose Depp) que partem para Paris seguindo André Korben (Emmanuel Salinger), um visionário – e milionário – diretor de cinema que pretende capturar na câmera – através de uma nova e caríssima tecnologia – os espíritos atraídos numa sessão médium.
Pois é. Como se não bastasse a premissa bastante mística e surreal, o filme não parece se aprofundar o suficiente para fazer com que o espectador embarque na narrativa. Natalie Portman está ótima no papel, principalmente quando sua personagem se inicia no universo do cinema e encarna uma atriz de grande e impactante expressão, ao modo de grandes atrizes dos anos 40 e 50. Assim como seu parceiro de cena, André Korben, que transmite uma ingenuidade e uma vulnerabilidade tocante. Mas Depp está bem aquém do esperado. Sua personagem, a irmã mais nova que possui a clarividência, vai de uma jovem alegre e vibrante a um fantasma de sua personalidade, um tanto inexpressiva. Ainda temos a participação de Louis Garrel como Fernand Prouvé, um colega de atuação que se torna um amigo.
Claro que o visual do filme é impressionante. Desde Natalie Portman apresentando o espetáculo no início, misturando uma iluminação sombria, porém reveladora, passando pela sessão com o cliente principal, até cenários e figurino remetendo aos anos 30, há uma combinação de bom gosto com uma trilha animada dos momentos festivos e soturna, dramática e excitante nos momentos evocando um suspense de limiar com o terror.
Planetarium é uma experiência bela, surreal, de tempos de outrora, mas rasa, sem substância, que promete muito mais do que oferece. Mas não deixe de experimentar os visuais belíssimos numa telona, embalados por uma trilha inspiradora. Vai que você se encanta com o filme justamente por ele se dedicar tanto à direção de arte.