Animale

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"Animale": O corpo, o instinto e a força selvagem da transformação

Animale é um filme que chega para falar sobre força, selvageria e como as experiências que vivemos são capazes de provocar mudanças intensas em nossas vidas, em muitos casos, transformando para sempre tudo ao nosso redor.

Nejma (Oulaya Amamra) é uma jovem apaixonada pelo universo das touradas, envolvida desde os cuidados com os animais até a participação nas competições. Após finalmente estrear na arena, ela celebra o início de uma nova fase na carreira junto de seus amigos. No entanto, já no dia seguinte à comemoração, seu corpo começa a apresentar transformações estranhas, mudanças que parecem completamente fora de seu controle. Enquanto a situação se agrava, um touro selvagem inicia uma série de ataques à comunidade local. Nejma sente que os acontecimentos não são aleatórios e, para entender o que está por trás deles, terá que escutar seus instintos mais profundos.

Emma Benestan, que assina a direção e o roteiro em parceria com Julie Debiton, classifica Animale como um filme de terror e drama, mas não há, de fato, o que temer. As sensações mais fortes que o longa propõe são a insegurança, a apreensão diante do novo e, sobretudo, a urgência de lidar com transformações profundas, que abalam toda a compreensão de mundo e de si mesma.

Uma mulher transformada é uma mulher mais ciente do poder que carrega, tal qual um animal selvagem. E essa é a grande sacada do filme: ir além da comparação tradicional entre força, intensidade e ferocidade (quase sempre associadas ao masculino), e mostrar que essas características também podem coexistir com o instinto, com a percepção mental e física de um corpo que se conecta ao seu lado mais animal. Para os espectadores mais atentos, vale ainda notar o paralelo com o filme Canina, que também retrata uma mulher em processo de descoberta, alguém que se percebe diferente de tudo o que conhecia.

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