Apartamento 7A é um thriller psicológico que expande o universo de O Bebê de Rosemary, oferecendo uma nova perspectiva sobre os horrores do Bramford. Dirigido por Natalie Erika James, o filme busca traçar paralelos entre as histórias de Terry Gionoffrio (Julia Garner) e Rosemary Woodhouse, revelando como ambas as mulheres são presas de um sistema que restringe sua autonomia. A conexão temática com o clássico de Polanski é evidente.
Terry é apresentada como uma jovem cheia de esperança, mas sua jornada de ambição à desesperança é o núcleo do longa. A atuação de Julia Garner brilha ao transmitir a complexidade da personagem: uma bailarina talentosa que, após uma lesão devastadora, vê seus sonhos desmoronarem. A relação de Terry com os enigmáticos Minnie (Dianne Wiest) e Roman Castevet (Kevin McNally) é o motor da trama, e o contraste entre o calor inicial do casal e suas intenções sombrias é habilmente construído, ainda que previsível.
O uso do Bramford como cenário continua a ser um dos pontos fortes desse universo. James retrata o prédio como um espaço opressivo, onde os corredores e os apartamentos escondem segredos inomináveis. No entanto, a atmosfera de terror é frequentemente interrompida por sequências oníricas e números musicais.
O filme aborda de forma contundente a exploração de mulheres pelo poder patriarcal, um tema que ecoa as lutas de autonomia corporal de Rosemary em O Bebê de Rosemary. No entanto, Apartamento 7A é mais explícito em sua crítica, contextualizando a história em um mundo contemporâneo, onde as discussões sobre direitos reprodutivos são cada vez mais urgentes. Apesar da relevância, a execução muitas vezes carece da energia necessária para manter o público engajado, deixando lacunas emocionais na narrativa.
Dianne Wiest é um destaque absoluto, trazendo camadas de manipulação e perversidade à personagem Minnie. A cena em que ela corta o cabelo de Terry é particularmente poderosa, demonstrando toda a dinâmica opressora entre as duas. Wiest domina o espaço com um carisma sinistro, mas é uma pena que o roteiro nem sempre explore plenamente o potencial dessa relação. Jim Sturgess, como o produtor Alan Marchand, também adiciona nuances à trama, mas seu papel acaba sendo mais funcional do que memorável.
Embora Apartamento 7A ofereça uma expansão intrigante do universo de O Bebê de Rosemary, ele carece do ritmo e da tensão do clássico. A obra é uma reflexão interessante sobre ambição e controle, mas sua abordagem muitas vezes hesitante e o tom inconsistente enfraquecem seu impacto. Para os fãs do gênero, o filme oferece vislumbres de um terror psicológico eficaz, mas dificilmente se tornará tão icônico quanto seu antecessor.