Nenhuma indústria cinematográfica retrata a família tão bem quanto a francesa. Disputas entre irmãos, herança em perigo, mães dedicadas e antigos amantes que reaparecem sempre são ingredientes que dão certo no cinema francês. Mas são ingredientes que dão certo quando consumidos em separado.
Belas Famílias, novo filme de Jean-Paul Rappeneau, de Viagem do Coração, têm todos os ingredientes de uma dramédia francesa e abusa dos clichês associados ao gênero colocando dois irmãos e duas famílias brigando por uma mansão antiga.
No filme, há mais de dez anos, Jérôme Varenne (Mathieu Amalric) deixou a França para viver na China. Quando uma viagem de negócios ao lado de sua noiva (Gemma Chan) impõe uma passagem pela Europa, ele aproveita para visitar a mãe (Nicole Garcia) e o irmão (Guillaume de Tonquédec) em Paris. Logo descobre que a casa de sua infância é objeto de uma grande disputa, já que a segunda esposa de seu pai (Karin Viard) foi expulsa de lá pelo seu irmão que deseja a construção de um condomínio de luxo no local, enquanto a prefeitura embargou a obra alegando que ali devem ser construídos prédios populares. Jérôme volta à cidadezinha na esperança de resolver o caso, mas ao chegar conhece Louise (Marine Vacth), a filha de sua “rival”.
Rappeneau vai imprimindo um ritmo desenfreado (para um diretor de 84 anos). Ele vai nos colocando a par da situação da mansão juntamente com Jérôme, seu personagem principal. O elenco está correto para um filme como este e as locações também estão perfeitas.
Então onde está o defeito de Belas Famílias? Os problemas retratados no longa, assim como nos filmes de Woody Allen, são de uma classe elitizada, não dizem respeito à maioria das pessoas, então não conseguimos criar empatia tão facilmente com os personagens.
Ainda assim, Belas Famílias consegue mostrar que nem mesmo as “belas famílias” são assim tão belas.