O Desinformante!

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"O Desinformante!" tem uma mentira atrás da outra

Esse ponto de exclamação no título de “O Desinformante!” é uma analogia ao que o diretor Steven Soderbergh tem em mente.

Sem essa pontuação, esse conto de maquinações empresariais, peculato, escutas, delatores e doenças mentais, seria apenas mais um thriller suado ou um estudo corajoso de personagens, sobre questões acerca das corporações americanas. Mas esse ponto de exclamação muda tudo. É uma comédia! E Matt Damon faz um Tom Ripley, sem inteligência – ou pelo menos sem qualquer instinto de autopreservação.

Talvez a única maneira de contar a bizarra história verdadeira de Mark Whitacre seja uma comédia. Algo semelhante a “Prenda-me se for capaz” de Steven Spielberg, onde o personagem é tão mentiroso e falso que, mesmo ele, não sabe separar a verdade da ficção. E o material é complicado, afinal, uma comédia onde o engraçado não é realmente engraçado, não se vê todos os dias.

Mas usando de um discurso interno desconexo e fragmentos desordenados de uma mente perturbada Soderbergh consegue alcançar seu intuito, embora cause grande estranhamento no caminho. E o tal discurso esclarece (ou não) que este não é um cara normal.

A visão de mundo, como projetada por Whitacre, é nublada, e sim, às vezes, engraçada. A forma como o mesmo envolve o FBI, em seu restrito mundinho corporativo é bastante envolvente, tirando o ritmo cansativo do filme, em partes. É então que ele começa a se considerar um espião! “0014”, segundo o próprio, já que é duas vezes mais esperto que 007. É o que veremos ao longo da projeção!

Soderbergh, em nenhum momento, deixa o público confiar no personagem, um dos pontos positivos da película. Cada mentira leva a uma mais elaborada. E a reação é perplexa. Uns gostam outros preferirão passar longe.

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