Terceira adaptação hollywoodiana do romance do General Lew Wallace, Ben-Hur funciona melhor do que Os Dez Mandamentos, em parte porque o lado bíblico é deixado em segundo plano dando mais foco em seu melodrama grandioso. Embora a vida de Cristo seja traçada desde seu nascimento, sua vida oculta, sua paixão e morte, nunca vemos seu rosto ou ouvimos sua voz.
Em vez disso, Ben-Hur é um épico de vingança contado com uma mensagem piedosa sobre perdão. Charlton Heston (que também atuou em Os Dez Mandamentos) estrela como Judah Ben-Hur, um príncipe judeu cuja amizade de infância com um oficial romano chamado Messala (Stephen Boyd, de Viagem Fantástica) se transforma em inimizade por culpa da política e da traição.
A escala grandiosa do filme, em tempos onde multidões não eram criadas digitalmente, é espantosa. O cenário principal, a clássica corrida de carruagens, continua sendo uma sequência de ação brilhante, com Heston e Boyd fazendo sua própria corrida e quase todas as acrobacias em cena.
Mas e o melodrama? Ele é falho. É difícil entender a jornada espiritual de Ben-Hur. Por que depois de manter sua fé durante três anos de escravidão nas galés, ele a perde depois de ganhar a liberdade e alcançar uma situação mais favorável? Mais tarde, o desenvolvimento de um enredo envolvendo a mãe e a irmã de Ben-Hur se torna o ápice para qualquer pessoa com o mínimo conhecimento dos Evangelhos.
Embora não seja um filme espiritualmente profundo, Ben-Hur inclui uma imagem impressionantemente evocativa da morte redentora de Cristo: as poças de sangue de Jesus ao pé da cruz e, misturado com a água da chuva de um dilúvio repentino, o sangue descendo a montanha, tocando os pés de Judah Ben-Hur.
Ben-Hur não tem um ritmo muito atual, suas atuações podem parecer muito teatrais, mas ainda assim o filme se mantém parte da história impecável do mundo do cinema.
P.S.: Ben-Hur é o único filme Hollywoodiano a fazer parte da lista de filmes do Vaticano na categoria de religião. Ele está listado ao lado de filmes internacionais como O Evangelho Segundo São Mateus, de Pier Paolo Pasolini, e O Homem que Não Vendeu sua Alma, de Fred Zinnemann.