“Carrie, a Estranha”. Gente, não sei vocês, mas esperei por este filme o ano todo. E olha, ele não desapontou não. Ufa.
É uma situação complicada, vocês hão de convir comigo. Primeiro, este é um remake. Pois é, normalmente a gente torce o nariz pra remake. Pra complicar ainda mais, o original, de 1976, foi dirigido por Brian De Palma, com Sissy Spacek no papel da estranha Carrie – e pra bater a Sissy em termos de estranheza já é uma tarefa árdua. Já a famosa cena do balde cheio de sangue que despenca na cabeça da Carrie durante o baile de formatura é tão icônica que só poderes telecinéticos extremamente fortes poderiam fazer alguma coisa pra superar a imagem da Sissy ensanguentada, profundamente gravada em nossas mentes e almas (tenho certeza que muita gente aí teve pesadelos com a fulaninha, muito tempo depois de ter visto o filme).
Mas Kimberley Peirce, a diretora da nova versão de “Carrie, a Estranha”, conseguiu fazer bonito. Melhor do que eu imaginava, na verdade. O filme não é perfeito – sinto muito! -, mas está incrível. Primeiro, olha só quem é a nossa Carrie: Chloë Grace Moretz. Yeah, dude… Hitgirl! Mas antes que você diga “Dã, ‘Kickass’ não é um filme de terror… que experiência ela tem?!?!”, eu digo, “Dã, ela fez uma porção de filmes de terror!” Na verdade, ela já faz filmes de terror desde fedelhinha. Começou com “Horror em Amityville”, depois fez “O Olho do Mal” e… foi a vampira mais assustadora ever em “Deixe-me Entrar”. Além da Chloë, temos a experiente Julianne Moore, que roubou muita cena em “Carrie” – ela está convencendo como ninguém no papel da mãe fanática religiosa e maluca.
Depois de todas estas introduções, vamos finalmente falar do filme. Bem, ele não começa da melhor maneira. A famosa cena do chuveiro (não aquela de “Psicose”, ok?) não colou. Tudo bem que na história ela era uma menina que foi educada em casa pela mãe maluca e faz pouco tempo que teve contato com a civilização, mas não engoli. E olha, mesmo que tivesse colado, e acreditássemos que ela não sabia que estava menstruando e achasse que estava morrendo, a atuação da Chloë, ali e basicamente em todo o começo do filme, está muito forçada. Ficou parecendo até que ela foi criada por lobos no meio do mato! Fiquei com um pé atrás, mas fiquei pra ver onde isso ia dar.
E sabe onde deu? Na famosa cena do baile. Tudo lindo, tudo perfeito – só que não. Quer dizer, só que não pros personagens, porque pra gente… ah, ficou perfeito!!! Fiquei com o coração na boca, na beira da cadeira – vou pensar em mais algum clichê e já trago –, e saí do cinema com torcicolo de tão tensa que fiquei. Os efeitos estão incríveis – ah, exagerados, um pouquinho, mas ficaram bons! A Carrie vai acabando com aquela corja de bullies, um a um, e nem se compadece de nós, meros espectadores – nem respirar você consegue. Oba!!! Até esqueci que o começo do filme tinha sido meio forçado…
Algumas coisas que podem causar incômodo: hum… lembram que a Carrie toma banho de sangue de porco? (oops, desculpe o spoiler). Então. A cena, neste filme, é mais agressiva. Acho até que foi meio desnecessária, mas… se é pra chocar, funcionou.
Coisas muito boas desta versão: o desenvolvimento dos personagens. O filme ficou muito melhor neste aspecto, pois temos mais tempo para entendermos suas motivações. Na minha opinião, a versão de 1976 é meio arrastada, sobrando tempo em cenas pouco importantes e faltando para outras (mas vale lembrar que na versão anterior a Carrie parecia um pouco mais alienada, com seus devaneios… e isso acabava deixando o filme um pouco mais tenso, de certa forma). Além disso, esta versão ficou bem adaptada ao zeitgeist atual. Assistir Carrie em 1976, hoje, judia um pouco. Acaba tirando o suspense e a tensão porque você acaba se assustando mais com o cabelo e as roupas da galera do que com a Carrie ficando louca e se vingando das coleguinhas de escola.