Chicago

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Os números musicais de “Chicago” nos permitem curtir o filme de maneira mais visceral do que se ele não fosse um musical

Lá atrás, nas décadas de 1950 e 1960, um musical da Broadway como “Chicago” teria sido adaptado para o cinema assim que surgisse – mas isso era quando a popularidade de filmes musicais estava nas alturas. Porém, nos dias de hoje, somente com o entusiasmo em torno da releitura da peça de Bob Fosse, de 1975, em 1996, que os estúdios acharam que o filme podia ter algum sucesso onde outros falharam.

Eis que “Chicago” representa entretenimento sólido e de extrema qualidade. O filme atinge um bom equilíbrio entre a superprodução que foi “Moulin Rouge – Amor em Vermelho”, de Baz Luhrmann, e os musicais menos extravagantes dos anos 1950. O estilo ecoa o do seu criador, o grande coreógrafo Fosse.

No filme, Velma Kelly (Catherine Zeta-Jones) é uma famosa dançarina que é também a principal atração da boate onde trabalha. Após matar seu marido e sua irmã, Velma entra em uma seleta lista de assassinas de Chicago, a qual é controlada por Billy Flynn (Richard Gere), um advogado que busca sempre se aproveitar ao máximo da situação. Ao contrário do que se esperava, o assassinato faz com que a fama de Velma cresça ainda mais, tornando-a uma verdadeira celebridade. Enquanto isso, a aspirante a cantora Roxie Hart (Renée Zellweger) sonha com um mundo de glamour e fama, até que mata seu namorado após uma briga. Billy fica sabendo do crime e decide adiar ao máximo o julgamento de Velma, para poder explorar os dois assassinatos ao máximo nos jornais. Assim como ocorreu com Velma, Roxie também se torna uma estrela por causa de seu crime cometido, iniciando uma disputa entre as duas pelo posto de maior celebridade do meio.

Vários números da peça foram cortados por razões de ritmo e duração, mas os que permanecem são encenados com maestria, combinando uma coreografia enérgica, estilo Fosse, com uma abordagem cinematográfica única que permite que sequências de fantasia se entrelacem com momentos mais “pé no chão”. O crédito vai para o coreógrafo Rob Marshall, que está fazendo sua estreia no cinema como diretor do longa.

Catherine Zeta-Jones foi feita para o papel de Velma, ela nasceu para interpretar a assassina presunçosa. Renée Zellweger é sólida na maior parte, embora haja algumas ocasiões em que seu canto poderia ter sido melhor trabalhado. Richard Gere, por sua vez, exala o charme e carisma em um papel divertido e alegre que exige que ele cante. Já Queen Latifah, como “Mama” Morton, é um caso à parte. Você vai ficar querendo muito mais de Latifah, pode escrever.

Embora o material original não seja novo, as questões abordadas por ele são familiares, provando que a tecnologia pode evoluir, mas a natureza humana permanece a mesma. Os comentários sociais e as críticas ao sistema de justiça americano são tão contundentes quanto válidas.

Os números musicais de “Chicago” nos permitem curtir o filme de maneira mais visceral do que se ele não fosse um musical, mas ainda há uma boa quantidade de conteúdo substancial a ser examinado. É um prazer testemunhar o retorno de um musical como este para o cinema. Se ao menos o público desse à produção a atenção que ela merece…

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