Chegamos ao fim da trilogia tão polêmica, a versão de Crepúsculo para maiores (e mais ousados), a saga Cinquenta Tons. Se o primeiro estabeleceu o tom para os próximos e testou a maré do público, o segundo foi mais ambicioso e generoso em sua produção, assim como mais apimentado na exibição sadomasoquista (no limite da censura, claro). Já o capítulo final se demonstrou um pouco acanhado em contar os segredos que devem ser revelados no livro e mostrar o tempero sazon da relação.
Anteriormente, Ana Steele (Dakota Johnson) se rebelou contra a obsessão possessiva de Christian Grey (Jamie Dornan), mas neste filme o desafio é a relação pós-casamento, ao mesmo tempo zelando pela segurança de todos os Grey, já que o vilão meia tigela do segundo filme, Jack Hyde (Eric Johnson), ainda está à solta tocando o terror.
Embora esse terceiro filme não tenha aquele momento singelo do segundo filme em que Dakota homenageia Melanie Griffith com uma célebre frase de sua personagem no incrível Uma Secretária de Futuro, é possível ver uma química maior entre os protagonistas, mais à vontade no papel. Isso contribui pro bom humor do filme, na fase lua de mel dos personagens, naquela bolha de paixão que normalmente se espera de um “felizes para sempre”.
Quem leu os livros deve saber os detalhes de todo o passado do Mr. Grey e sua família, mas a adaptação foca tanto no romance que realmente faz falta maiores explicações a respeito do passado deles. A primeira hora parece mais com Cinquenta Tons de Prisão do que de liberdade, tamanha a vigilância pela qual Ana Grey precisa passar. Tal liberdade ou libertação é explicada mais para o final, mas também não é elaborada de forma satisfatória.
O destaque fica para os cenários maravilhosos na França, Nova York e Aspen, além dos carros, jatinhos, mansões, todo o luxo que o (nosso) dinheiro (não) pode comprar rs; para o elenco extra, que parece tirado de um catálogo de modelos, e para a trilha sonora, que sempre mescla músicas animadas e sensuais que vão direto pra playlist depois.
Cinquenta Tons de Liberdade não é nenhum filme antológico, não aprofunda a história dos personagens, tem os clichês clássicos de toda fanfiction para maiores, mas cumpre o papel ao qual se propõe. Mostra toda a riqueza daqueles 1%, toda a beleza à qual aspiramos e joga uma pimenta na relação a dois, pra sair da mesmice.