Em Defesa de Cristo

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“Em Defesa de Cristo” faz mais do mesmo, apresentando ateus como frios e calculistas e cristãos como os mocinhos milagreiros

Imagina a cena aqui comigo: a família sai para jantar e, depois de comer, a filhinha do casal pede uma moeda para comprar um doce. Ela desaparece da cena e você já acha que aquilo ali vai dar chabu. De repente, a menina entra em cena novamente, engasgada. Os pais ficam desesperados, sem saber o que fazer, gritando e pedindo ajuda. Aí uma mulher se apresenta como enfermeira e ajuda a menina a desengasgar. “Horay, viva a medicina”, você imagina. Mas a história ganha outro rumo: a enfermeira confidencia para a mãe que não viria àquele restaurante naquela noite, mas algo pediu para que ela fosse. Hum… começou a entender onde isso vai dar? Vou te dar uma pista: o nome do filme é Em Defesa de Cristo.

Bom, deixa contar a história em meia dúzia de palavras: depois da cena que descrevi aí em cima, Leslie Strobel se converte ao cristianismo. Ela era ateia, junto com o marido, o jornalista Lee Strobel, mas sempre achou que tinha algo faltando (ai, esse papinho…). Mas a conversão da esposa leva Lee a pesquisar mais sobre o tal Jesus, tentando achar algum furo na história que servisse de argumento para que a esposa voltasse a não acreditar em histórias de faz de conta. Enquanto isso, a esposa ora por horas a fio, tentando fazer o marido “cair em si” e acreditar em Deus.

Nem sei por onde começar. Acho que este é o filme mais cheio de clichês e baboseiras que eu vi nos últimos tempos. Primeiro, Lee é um jornalista tido como frio e calculista, focado no trabalho e com a tendência de colocar suas matérias em primeiro lugar na sua vida. Ah, claro, tudo isso porque ele é ateu. E ele é supermachista, não ouve as ideias da esposa, não quer discutir racionalmente com ela (o que é uma puta contradição, se for pensar que ele é racional). E na busca que o jornalista faz para encontrar falhas na ressurreição, ele encontra diversos “especialistas”, que mostram “documentos” que comprovam a ressurreição. Um deles até aponta que Lee não consegue acreditar em Deus por ter problemas com o pai. Socorro.

Primeiro, nenhum dos documentos apresentado foi trabalhado em profundidade. Tudo que fizeram foi mostrar um monte de papel amarelado com escritas com jeitão antigo, pulando na tela um atrás do outro. Muita evidência, uau! Depois, ao invés de Lee questionar a bíblia e quem escreveu, os os livros que não entraram na versão final, ou os tradutores, ou seja lá o que for, ele levanta a hipótese de Jesus talvez ter hipnotizado todas as pessoas que “comprovadamente” presenciaram seus feitos. Socorro².

Enquanto Lee pesquisa a ressurreição, outro caso que ele apurou e escreveu uma matéria acaba se mostrando totalmente diferente. Ou seja, com uma matéria mal feita, Lee coloca na cadeia um homem inocente. E o pai de Lee morre. E o que acontece depois de ele sofrer toda essa pressão? Adivinha.

Filminho horrorosamente clichezento e sem pé nem cabeça. Chato, tentando apresentar fatos e evidências, quando na verdade foge deles. Com personagens fracos e batidos (já cansei de ateu frio e calculista que não gosta de discutir racionalmente, dá pra mudar isso, por favor?). Minha dica? Fica em casa, economiza que você ganha mais!

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