Fé para o Impossível é um filme que busca emocionar e inspirar ao narrar uma história real de superação, fé e milagre. Dirigido por Ernani Nunes, o longa se debruça sobre o drama vivido por Renee Murdoch e sua família após um ataque brutal que a deixou em estado gravíssimo. Com Dan Stulbach e Vanessa Giácomo nos papeis principais, o filme apresenta uma narrativa que tem todos os elementos de um drama biográfico poderoso. O nome do filme vem pelo nome da música tema do renomado cantor mineiro Eli Soares.
A maior força do filme deveria estar na atuação do elenco, Vanessa Giácomo, que interpreta Renee com entrega e sensibilidade, consegue transmitir as dores e os desafios da personagem que comovem o espectador. Dan Stulbach não entrega uma performance tão sólida como o marido de Renee, sem conseguir retratar com precisão o desespero que o verdadeiro Philip deve ter experimentado naquele momento de crise. Dan é um ator televisivo, porém deixa um pouco a desejar no cinema, onde é necessário uma construção mais aprimorada do personagem.
Como frequentadora de igrejas evangélicas desde 1987, não consegui ver Stulbach verdadeiramente interpretando um pastor… Mesmo assim o filme entrega uma certa emoção para vivenciarmos o drama de Renne, porém, vez por outra, o roteiro recorre a soluções óbvias e diálogos que parecem subestimar um pouco a inteligência do público. Para os saudosistas de plantão temos a aparição/ponta de Moacir Franco, conhecido dos sexagenários.
A direção de Ernani Nunes carece de sutileza e segurança ao abordar um tema tão delicado. Ao invés de confiar no poder das imagens e na profundidade da história real, o diretor opta por uma abordagem didática que enfraquece o impacto emocional do filme. Outro ponto que pesa contra o longa é a ausência de complexidade na forma como a fé é retratada. Embora o filme seja claramente voltado para um público específico, ele poderia ter sido mais universal ao explorar as nuances dos sentimentos de dúvida, medo e esperança presentes em situações extremas como a vivida por Renee. A falta de camadas na narrativa limita a identificação de parte do público, transformando a obra em algo mais direcionado a uma audiência já familiar com o contexto religioso apresentado.
A fotografia utiliza o Rio de Janeiro como pano de fundo para transmitir tanto a beleza quanto a violência do cenário, o que ajuda a manter o interesse do espectador, mesmo quando o roteiro se torna repetitivo e previsível. Fé para o Impossível é uma obra com boas intenções e uma história com grande potencial, mas que tropeça na execução.
Atualmente Renee e Philip são um casal de pastores em uma igreja no Bairro do Recreio, são autores do livro Dê a Volta por Cima que retrata o drama vivido pela família Murdoch. O roteiro poderia ter tido melhor aproveitamento para que o filme alcançasse uma profundidade emocional maior. Para quem busca uma experiência carregada de fé e esperança, o longa pode oferecer momentos emocionantes, mesmo que de forma simplista.