Histórias que é Melhor Não Contar

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“Histórias que é melhor não contar” vale para comer pipoca e dar risadas das nossas hipocrisias de todo dia, mas só isso.

O cinema de qualquer lugar tem (e precisa) de filmes que sejam o suco do puro entretenimento. Isso não configura um problema contanto que não ofenda ninguém. Histórias que é melhor não contar, do diretor espanhol Cesc Gay (Truman), é esse tipo de filme descompromissado, que uma vez ou outra, apoiado num roteiro com ótimas interpretações, nos faz pensar sobre pré-conceitos incrustados no nosso cotidiano.

Histórias que é melhor não contar traz quatro histórias urbanas curtas que se desenrolam em Madri. Todas funcionam como comédias de costumes, satirizando comportamentos que aparentam ser padrão, mas que revelam possibilidades que vão além de decisões tomadas de maneira racional. Algo que perpassa todas as histórias é o ímpeto que temos quando uma situação se mostra como improviso: um fim de relacionamento, e imediato começo de outro, justamente porque alguém ficou trancado dentro um apartamento vizinho; uma superação de amor perdido que ultrapassa lógicas corriqueiras de identidades de gênero; o ego ferido de um homem mais velho se relacionando com uma aluna bem mais jovem; outro que trai a esposa mas se vê enredado numa teia que só mostra que os relacionamentos são mesmo complexos. Todas as histórias são perpassadas por algum tipo de humor filosófico diante da vida, assim como situações antagônicas, como o diretor já propunha em Truman: na prática tudo é mais complexo do que simplesmente  dizer “eu faria desse jeito”.“Histórias que é melhor não contar” vale para comer pipoca e dar risadas das nossas hipocrisias de todo dia, mas só isso.

Porém as quatro histórias são insossas, falta algum tempero no roteiro que se salva por ótimas interpretações, como por exemplo a María León (a pessoa do casal que sempre fala menos, por favor) e José Coronado (um professor ególatra insuportável). Percebe-se uma tentativa de fazer algo do tipo como Relatos Selvagens (2014), do argentino Damián Szifron, mas parece que o entusiasmo para meter o pé nos absurdos (reais) está sem fôlego mesmo. Aí que o filme se resume em quatro histórias que entretém mas são o tipo de fofoca que é boa de ouvir mas não trazem nada de extraordinário. Mas, claro, vale sim a desculpa pra comer pipoca e dar umas risadas lembrando daquelas hipocrisias nossas de cada dia.

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