Inferno na Torre

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"Infefrno na Torre": Altas chamas, grandes nomes

Inferno na Torre é o típico exemplar do cinema-catástrofe dos anos 1970, feito para impressionar pela escala e reunir astros de diferentes gerações em um grande espetáculo de tensão e destruição. Ambientado em um arranha-céu ultramoderno de São Francisco, o filme explora o caos instalado durante a noite de inauguração, quando um incêndio de grandes proporções irrompe por falhas estruturais encobertas por corrupção. O que se segue é uma luta contra o tempo e as chamas, com centenas de vidas em risco.

Com direção de John Guillermin e produção de Irwin Allen, o longa se apoia em dois protagonistas de peso: Paul Newman, como o arquiteto responsável pelo edifício, e Steve McQueen, no papel do chefe dos bombeiros. A dupla carrega o filme com carisma e autoridade, ainda que os personagens sejam mais funcionais do que complexos. A dinâmica entre eles, marcada por tensão e respeito mútuo, sustenta os momentos mais dramáticos, especialmente quando precisam tomar decisões difíceis diante da tragédia.

A estrutura narrativa de Inferno na Torre segue o padrão do gênero: uma ameaça central, personagens variados com pequenos dramas pessoais, e o aumento gradual do perigo até o clímax. Entre os coadjuvantes, destacam-se veteranos como Fred Astaire e Jennifer Jones, que trazem um charme clássico à produção. Seus papéis não exigem muito, mas servem para dar ao filme um ar de evento cinematográfico grandioso, com rostos conhecidos ocupando todos os andares da torre em chamas.

O longa-metragem se estende por mais de duas horas e meia, preenchido por cenas de ação bem coordenadas e efeitos práticos que impressionam até hoje. O trabalho com maquetes, fogo e dublês ajuda a criar uma sensação palpável de perigo. Ainda assim, o ritmo pode parecer arrastado em certos trechos, especialmente quando o foco se desloca para subtramas sentimentais que não acrescentam muito ao desenvolvimento geral.

Musicalmente, o filme ficou marcado por “We May Never Love Like This Again”, canção que venceu o Oscar de Melhor Canção Original. A trilha sonora ajuda a compor o tom dramático e, por vezes, dramático da narrativa, reforçando o impacto emocional dos momentos de perda e sacrifício. Visualmente, porém, a direção de fotografia não se destaca tanto quanto o esperado, funcionando mais como registro eficiente do espetáculo do que como expressão artística mais refinada.

Inferno na Torre foi um sucesso comercial e de premiações, mas sua presença na corrida ao Oscar de Melhor Filme ao lado de obras como O Poderoso Chefão II levanta questionamentos sobre critérios da Academia. Ainda assim, o filme é um marco dentro de sua proposta: um blockbuster com tensão crescente, que une entretenimento escapista com comentários discretos sobre arrogância e negligência corporativa.

Mais do que um estudo profundo sobre catástrofes, Inferno na Torre é um produto de sua época — feito para salas cheias, com grandes astros, cenas espetaculares e um convite à empatia diante do desastre. Entre labaredas e colapsos, o que mais resiste ao tempo talvez seja o fascínio por ver como a humanidade reage diante do imprevisível, com coragem, covardia ou pura sorte.

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