Aqui vão algumas informações rápidas sobre o filme:
- Filmado na Suíça e na Itália.
- Dirigido por Giorgio Diritti.
- Retrata o extermínio dos povos ciganos dentro contexto da Segunda Guerra Mundial.
- Toca em assuntos de Eugenia.
- Possui uma fotografia muito bonita.
- Atuações contidas e elegantes.
- São 3 horas de filme, mas possui várias reviravoltas no roteiro que deixam a história interessante.
Qual a história de “Lubo”?
Suíça, inverno de 1939. O jovem Lubo, descendente de nômades Yenish, é convocado para o serviço militar no exército suíço para proteger a fronteira. Logo se junta a seu primo que lhe conta que a polícia levou seus filhos, por serem descendentes de ciganos, de acordo com o programa nacional governado pelos princípios da eugenia, que ganharam espaço na Europa nos anos trinta. Lubo embarca em uma vingança com repercussões inesperadas, obrigando-o a repensar os limites borrados entre o bem e o mal.
O lado sombrio da Suíça
Quando pensamos na Suíça lembramos automaticamente de paisagens bucólicas e altos índices de desenvolvimento humano. É como se o Jardim do Éden estivesse no coração da Europa. Um lugar onde as coisas parecem funcionar de maneira quase utópica. Chega ser estranho falar de lado negro de um país com esse, que mesmo durante a Segunda Guerra Mundial se manteve neutro.
Entretanto, as ideias perigosas e racistas que povoaram a Europa do começo do século XX também encontraram solo fértil na Suíça. Lubo é um recorte do que foi a política de Eugenia na Europa, e como isso afetou os povos ciganos. Durante o filme somos inundados com histórias difíceis e tristes sobre sequestro de crianças ciganas. Centenas e milhares delas foram sequestradas pelo Estado Suíço.
Lubo reconstrói essa parte da história mundial que ainda machuca se for cutucada. É uma ferida que não cicatrizou, e talvez seja uma vergonha que a Suíça carregará consigo até o fim. É um lembrete para estarmos atentos às políticas que possuem discurso preconceituoso. Os crimes dessa eugenia contados em Lubo não surgiram do nada, mas foram alimentados por ideias que cresceram durante anos.
Vale a pena ver o filme?
SIM, SIM e SIM! Nem que seja para ficar boquiaberto com as paisagens suíças que aparecem durante o filme. Como um espectador latino americano, cresci idealizando a Suíça e sua geografia como representantes da beleza universal. Só lhe faltam praias!
E as atuações são minimalistas e sofisticadas. Talvez esse estilo retrate o própiro modus operanti do povo suíço. Giorgio Diritti, o diretor, conseguiu passar bem o drama vivido pelos povos ciganos dentro do contexto da Segunda Guerra Mundial. E apesar do filme ser longo, ele funciona bem. As reviravoltas constantes do roteiro evitam que a narrativa se torne maçante.