007 – O Amanhã Nunca Morre segue o padrão estabelecido pela franquia, mas com algumas inovações que o diferenciam dos capítulos anteriores. Pierce Brosnan, em seu segundo filme como o icônico espião britânico, parece ainda mais confortável no papel, encarnando James Bond com uma confiança e carisma que lembram a era de Sean Connery. A trama desta vez não gira em torno de megalomaníacos que querem governar o mundo, mas sim de um vilão que deseja controlar a mídia global, uma ameaça que ressoa fortemente até hoje.
O antagonista da vez é Elliot Carver (Jonathan Pryce), um magnata da mídia que quer causar um conflito internacional para aumentar a audiência de sua rede de notícias. O personagem, que claramente faz alusão a figuras como Rupert Murdoch, é um dos vilões mais cativantes da era Brosnan. Ele combina charme e crueldade de uma forma que remete aos grandes vilões da franquia, como Blofeld e Goldfinger. Pryce se destaca ao dar vida a um personagem que não apenas quer poder, mas também a habilidade de manipular a informação para seu benefício.
A trama de 007 – O Amanhã Nunca Morre começa com Carver instigando um conflito entre China e Reino Unido, usando tecnologia avançada para afundar um navio britânico e provocar uma crise militar. É nesse contexto que James Bond entra em cena, investigando o magnata enquanto se infiltra em seu império midiático. O filme equilibra bem a espionagem e as clássicas sequências de ação da franquia, com perseguições de carros, lutas e, claro, gadgets inovadores.
Um dos pontos altos do filme é a introdução de Wai Lin (Michelle Yeoh), uma agente chinesa que não é apenas uma “Bond girl”, mas uma verdadeira parceira de ação para 007. Wai Lin traz uma nova dinâmica para o filme, sendo tão hábil quanto Bond nas cenas de combate e espionagem. Sua química com Brosnan é evidente, e a personagem rapidamente se destaca como uma das aliadas mais memoráveis da franquia. Diferente de outras personagens femininas da série, Wai Lin não precisa ser salva; ela é uma agente capaz de cuidar de si mesma, algo inovador para a época.
Por outro lado, Paris Carver (Teri Hatcher), a esposa de Elliot e um antigo romance de Bond, deixa a desejar. Embora a trama tente dar a ela um papel emocional mais profundo, explorando a vulnerabilidade de Bond, sua presença no filme é superficial e pouco memorável. Hatcher não consegue trazer a força necessária para tornar Paris uma personagem interessante, tornando-se o ponto fraco do elenco de apoio.
As cenas de ação em 007 – O Amanhã Nunca Morre são vibrantes e bem executadas. Entre os destaques estão uma sequência com um carro que Bond controla remotamente e uma perseguição de moto em que ele e Wai Lin são perseguidos por um helicóptero. Essas sequências, repletas de adrenalina, lembram os melhores momentos da franquia e garantem que o espectador permaneça envolvido do início ao fim. As explosões e os tiroteios também são elementos que não faltam, mantendo o ritmo do filme acelerado.
O roteiro mantém o humor característico da série, com um bom número de frases de efeito e piadas que se encaixam bem no contexto. Alguns dos melhores momentos vêm dos diálogos entre Bond e “M” (interpretada novamente por Judi Dench), que oferece comentários ácidos sobre a política de guerra e o papel de homens e mulheres no poder. Além disso, Moneypenny (Samantha Bond) continua a trazer leveza e sagacidade com suas interações rápidas e espirituosas com Bond.
Para os fãs de longa data de James Bond, 007 – O Amanhã Nunca Morre entrega exatamente o que se espera: entretenimento garantido, ação de qualidade e uma fórmula familiar. Embora não traga grandes inovações para a franquia, ele mantém o nível elevado e entrega um vilão carismático e uma parceira de ação memorável. Para aqueles que buscam a combinação clássica de espiões, gadgets e vilões grandiosos, este filme cumpre bem seu papel.
No geral, 007 – O Amanhã Nunca Morre se destaca por suas cenas de ação emocionantes e pelo forte elenco de apoio, especialmente Michelle Yeoh. Com Pierce Brosnan consolidado no papel de Bond, o filme reforça o poder da franquia e garante que o espião britânico continue sendo um dos personagens mais queridos e duradouros do cinema.