O que não falta por aà são filmes sobre relacionamentos. A maioria mostra as dificuldades enfrentadas por duas pessoas até conseguirem ficar juntas. Mas Maïwenn, diretora de Meu Rei, longa com Vincent Cassel e Emmanuelle Bercot, decidiu mostrar essa batida história ao contrário, acompanhando a história de um casal que parece extremamente apaixonado no começo e consegue sabotar a relação a tal nÃvel que, no final, só sobram os cacos de duas pessoas.
O filme começa com Tony (Emmanuelle Bercot) sofrendo um acidente sério de esqui. E enquanto está em recuperação, ela tem tempo para rever os fatos que levaram à ruÃna de seu apaixonado relacionamento com Georgio (Vicent Cassel). Eles se conheceram em uma balada, e de cara deu o clique. Logo eles estavam morando juntos, muito envolvidos e em perfeita sintonia. Mas a vida é muito mais que aquele núcleo lindo de amor, e logo as coisas já não são assim tão maravilhosas. Georgio ainda tem uma conexão muito forte com Agnès (Chrystèle Saint Louis Augustin), sua ex-namorada, e muitas vezes deixa Tony sozinha no meio da noite para atender as necessidades da outra. Apesar de não conseguir focar toda atenção em Tony, Georgio é extremamente possessivo e controlador, e logo decide que quer ter um filho. Tony acata o desejo do amado, mas a gravidez se mostra mais difÃcil que os dois esperavam, pois ela não consegue controlar as emoções, e os dois brigam constantemente. Depois do nascimento de Simbad, a coisa só piora: Georgio passa noites fora de casa (ele até aluga um apartamento para ficar mais próximo de Agnès) com os amigos, enquanto a esposa fica aflita em casa. O irmão de Tony, Solal (Louis Garrel), tenta ajudar a irmã, aconselhando-a a abandonar a relação. Mas ela está focada em fazer funcionar, construir uma famÃlia perfeita, ter um final feliz. E ela insiste, os dois insistem, e o final trágico, mas necessário, para o crescimento de ambos, é doloroso e difÃcil de assistir.
A atuação de Cassel e Bercot está incrÃvel (ela até dividiu o prêmio de melhor atriz com Rooney Mara na 68ª edição do Festival de Cannes), e a diretora consegue nos conduzir com maestria neste relacionamento destrutivo. E fica mesmo difÃcil de acompanhar todas as cenas que estão passando em frente aos seus olhos. Em determinado momento, tudo que você quer fazer é gritar pra Tony largar aquilo tudo e sair correndo, mas ela parece não ouvir ninguém, determinada que está. Mas você, como espectador, já viu que aquilo não vai funcionar. Talvez de outros carnavais, filmes semelhantes. Aquele relacionamento não tem jeito. Mas você fica ali sofrendo, acompanhando, seu coração apertado, cansado das promessas repetitivas que Georgio faz e não cumpre, cansado da cegueira de Tony.
O filme é incrÃvel, apesar de difÃcil e doloroso. Mas os franceses gostam mesmo de histórias profundas e de dar aperto no coração, então bora programar pra assistir este incrÃvel filme no Festival Varilux.
Nota:
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Meu Rei
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