Tenho que começar esta resenha confessando que achava que Monstro ia ser diferente. Esperava um drama sobre um rapaz negro sendo injustiçado no tribunal, como tantos outros filmes existentes sobre o tema — pois, infelizmente, existem milhares dessas histórias reais para serem contadas no cinema.
Mas Monstro, novidade da Netflix, é diferente. Ao invés de ouvirmos a história de Steve Harmon (Kelvin Harrison Jr., de Os 7 de Chicago), acompanhamos ele nos contando sua trajetória, inclusive na cadeia, depois que é preso por supostamente participar de um latrocínio.
Pela história ser contada do ponto de vista de Steve, somos levados nessa jornada sem muita chance de decidir se ele é inocente ou não — quem em sã consciência se julgaria culpado? Mas Steve vai te mostrar porque ele é inocente, passo a passo, indo e voltando em suas memórias durante as noites na cela escura, enquanto escuta os gritos dos outros presos. E a sensação de injustiça é palpável, e você, caro leitor, assim como eu, vai sentir que também precisa fazer algo para provar a suposta inocência daquele rapaz, de boa família, dedicado estudante, cheio de sonhos.
Apesar de previsível, o filme é bom, com um ponto de vista diferente dos já existentes, muito mais visceral e intenso. A edição ficou muito bacana, e a interpretação de Kelvin está excelente. Vale a pena investir seu precioso tempo neste filme, que vai te deixar pensando na pergunta final por um bom tempo.