O Jogo da Imitação

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Benedict Cumberbatch está incrível como Alan Turing, em "O Jogo da Imitação"

Nada é tão criptografado que não possa ser decifrado em O Jogo da Imitação, cinebiografia do matemático e decifrador de códigos da Segunda Guerra Mundial, Alan Turing. Contado de forma elegante quase teatral, tudo está no seu lugar (principalmente os penteados), tecnicamente falando, nesse que é um dos longas com mais cara de Oscar a estar concorrendo esse ano.

Se tem algo que chama atenção em O Jogo da Imitação é Benedict Cumberbatch — ele que já está famoso por interpretar solucionadores de problemas, visto sua performance em Sherlock. Aqui, o ator entrega um Alan Turing cheio de nuances ao quebrar o código alemão criptografado por uma máquina chamada Enigma e colabora assim com o fim da Segunda Guerra Mundial.

O filme é bastante envolvente, mas arranha apenas nas superfícies dos problemas que trata. O Jogo da Imitação poderia se tornar memorável por diferentes pontos de vista, mas patina em algumas circunstâncias do que tenta abordar. O filme aborda a questão de como Turing obteve sucesso na quebra do código nazista e ao mesmo tempo aproxima-se da questão de sua prisão por homossexualidade, anos mais tarde, a qual forneceria uma potente discussão, mas se aprofunda em apenas um ou outro aspecto.

O roteirista estreante em longas Graham Moore consegue, apesar da falta de foco do seu texto, pincelar um pouco da personalidade de Turing e de Joan Clarke (a única mulher admitida no círculo de decifradores de códigos contratados pelo governo britânico).

A relação de Turing e Clarke se torna o cerne do filme. Cumberbatch e Keira Knightley (Anna Karenina) entenderam isto e doam-se para os seus respectivos papéis, entregando performances dignas de suas indicações ao Oscar deste ano. Ao redor deles, temos excelentes atores construindo seus personagens com nuances, mas cujas histórias não são verdadeiramente aprofundadas pelo roteiro ou pela direção do norueguês Morten Tyldum (Headhunters).

A fotografia deslumbrante em 35mm do espanhol Oscar Faura (O Impossível e O Orfanato), o design de produção de Maria Djurkovic (O Espião Que Sabia Demais) e o piano e cordas de Alexandre Desplat (O Discurso do Rei) também adicionam camadas para entendermos o espírito ansioso e inquieto de Turing, além de se tornarem pontos que merecem atenção no longa.

O Jogo da Imitação se torna assim, mais um drama de superfície. Você se preocupa com os personagens devido a construção realizada por seus atores, mas gostaria que o filme se aprofundasse nos dramas pelos quais eles estão passando.

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