O Reencontro, que no original está mais para A Parteira, mas que também quer dizer no francês algo como uma “mulher bem comportada”. O duplo sentido se aplica perfeitamente bem para a protagonista do filme, Claire (Catherine Frot, de Marguerite) – uma mãe solteira em seus cinquenta anos, cuja vida muda completamente quando ela reencontra Beatrice (Catherine Deneuve, de O Novíssimo Testamento), ex-mulher do seu falecido pai, que é o oposto completo de Claire e vira sua vida de cabeça para baixo.
O filme é um veículo para ambas Catherines brilharem e, quando elas ocupam o mesmo espaço de tela, o diretor Martin Provost (do ótimo Séraphine) aproveita cada segundo de suas estrelas.
Provost permite que Frot, que esteve ótima em Marguerite (a versão francesa da história de Florence Foster Jenkins, interpretada por Meryl Streep na versão mais comercial) ano passado, dose o drama com Deneuve, uma personagem que viveu sua vida plenamente e agora começa a definhar lentamente.
O diretor faz de O Reencontro um melodrama incrível, mas um cineasta menos qualificado poderia ter transformado a coisa toda em uma telenovela. O longa está mais para um estudo de personagens e a história explora como cada mulher reage às mudanças súbitas da vida, com Claire sendo conquistada aos poucos pelas maneiras imprudentes de Beatrice, e Beatrice, praticamente, sendo Beatrice até perto do fim.
O relacionamento sensível entre Claire e Beatrice é que faz de O Reencontro o ótimo filme que é. Provost, enquanto isso, já se provou um diretor sensível em longas protagonizados por mulheres, se não em Séraphine, talvez em Violette. O filme pode não ser uma reinvenção da roda, mas seu par de atrizes centrais fazem cada minuto valer a pena.