Muito se fala sobre a importância da igualdade de gêneros e a opressão sofrida pelas mulheres em todos os campos da sociedade, mas já pararam pra pensar na pressão que os homens sofrem? O machismo também vitimiza eles, que são cobrados de ter sucesso profissional, ter uma útima renda, ser bom nos esportes, construir uma família, serem bons pais e prover todo o conforto e boa vida possível. A competição entre o mundo masculino talvez seja ainda mais acirrada entre os que conquistam e os que ficam nas funções de base do clube do bolinha. Se juntarmos essa responsabilidade com uma crise econômica, aí pronto, tudo explode. Um governo pronto para se aproveitar da sua população e mesmo assim encorajá-lo a superar os momentos difíceis não é nenhum privilégio do brasileiro não.
O Tesouro, filme dirigido por Corneliu Porumboiu, ambienta essa frieza e desespero de uma Romênia traumatizada país comunismo ao contar a história de Costi (Toma Cuzin), um jovem pai que vive uma vida normal, cheia de atribuições chatas e obrigações. Ele precisa ajudar seu vizinho a desenterrar um tesouro que pertencia a seu avô para quitar as dívidas e sair do sufoco. E se você soubesse da existência de um tesouro, o que faria? Pois é, em momentos de crise, parece a solução, não é mesmo? Claro que esse caminho não é fácil. Ambos os personagens precisam passar por provações e conflitos no trabalho e na vida pessoal para conseguirem esse feito. Nesse sentido o filme não expressa nenhuma agitação para as coisas acontecerem e o estilo de Porumboiu para filmar, carrega a tela de planos fixos e enquadramentos simples, sem nenhum movimento ou tentativa de fazer algo novo. Outra característica do longa, são os diálogos pesados e extensos que poderiam muito bem não existir e poupar tempo de duração, e até existem tentativas de humor vez ou outra, mas só é pego no riso quem tiver a mesma cultura que os europeus, aqui dificilmente nós riremos. Um ponto interessante do filme é a história de Robin Hood, mencionada logo no começo. Esse paralelo acaba sendo um pouco óbvio demais para a história, mas ajuda a abrir os olhos para reflexões como o fato de a sociedade sempre buscar o benefício individual e não coletivo.
Por fim, o filme entrega uma trama branca, no sentido nulo da palavra, sem se preocupar com uma boa atuação do elenco, que se mantém blasé por toda a projeção, ou um cenário mais crível. A produção abusa do estilo minimalista e cheio de lições de moral mascaradas por situações clichês e atinge seu auge sem nenhuma diferença dos outros atos do filme, provocando uma emoção linear e robótica, sem nenhuma nuance.