Pelos Olhos de Maisie

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Maisie, uma corajosa menina, arrebatou meu coração em “Pelos Olhos de Maisie”

Quando assisti ao filme Indomável Sonhadora”, em 2012, fiquei impressionada com a garra e a determinação de Hushpuppy, uma garotinha tentando sobreviver em uma região miserável do sul dos Estados Unidos em meio a diversas catástrofes. E hoje Maisie, outra corajosa menina, arrebatou meu coração em “Pelos Olhos de Maisie”.

O contexto é diferente. Maisie tem excelentes condições financeiras, mora em um apartamento enorme em Manhattan e vai para uma excelente escola, tem babá, um guarda-roupa de dar inveja a qualquer adulto… Mas o que falta para uma menina destas? O amor e a atenção dos pais, que estão sempre muito ocupados com trabalhos, viagens e qualquer outra coisa que não seja Maisie.

E qual a reação da menina? Ela esperneia, se joga no chão e dá piti? Não. Ela tem plena noção do que está acontecendo – quer dizer, esta é minha impressão, mas você pode ver a coisa por outro ângulo -, mas decide fingir que está tudo bem e aproveita cada segundo de sua infância, da melhor maneira que consegue fazer. E esta é a grande sacada deste encantador filme: o ponto de vista desta menina miudinha e muito quieta. A câmera, muitas vezes, está na altura de Maisie, fazendo com que vejamos tudo que a menina vê. Pássaros voando. Uma pipa no céu. Brinquedos. A câmera acompanha a menina em seu universo silencioso e lúdico.

Além da história e da câmera, com seus closes da menina que nos fazem sentir ainda mais sua silenciosa dor enquanto escuta os adultos falando sobre ela por detrás de portas fechadas, eu fiquei encantada pelo figurino e pelas cores do filme. Até a mãe de Maisie tirar um iPhone de dentro do bolso, cheguei a pensar que o filme era ambientado nos anos 70. A trilha sonora e as atuações também estão muito boas – Maisie (Onata Aprile) roubou meu coração, mas os adultos, entre eles Juliane Moore e Steve Coogan, que interpretam os pais de Maisie, e Alexander Skarsgard e Joanna Vanderham, os pais adotivos de Maisie, convenceram.

Vale comentar que o filme é baseado em um livro de 1897, de Henry James. Bom, já pela data que ele foi escrito você pode imaginar que ele é bem “baseado”, né? Mas dando uma olhada no livro, meio por cima, percebi que a história se manteve inalterada – com a diferença de que no filme acompanhamos Maisie por um período que não ultrapassa um ano, enquanto o livro segue a personagem por alguns anos -, apesar da ambientação ser totalmente diferente.

E antes que você vá procurar outro filme, achando que este aqui vai ser muito triste, não se engane. Ele é delicado e às vezes pode gerar certa tristeza, mas é uma história inspiradora. O ponto de vista de uma menina corajosa não pode ser dolorido demais. Tem seus altos e baixos, mas traz a leveza da esperança de dias melhores.

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