Sim. Sou do tipo que procura ler os livros que originam filmes antes das estreias das adaptações. Nem sempre dá tempo, mas no caso de Perdido em Marte, de Andy Weir, uma vez que você começa a ler é impossível largar a obra até que você descubra seu desfecho.
O filme, com direção de Ridley Scott (Alien, Prometheus e Blade Runner), consegue se manter fiel ao livro.
Na trama, o astronauta Mark Watney (Matt Damon, de Interestelar) é enviado com uma equipe para uma missão à Marte. Após uma severa tempestade, na qual os astronautas precisam abortar a missão, ele é dado como morto e abandonado pelos colegas. Ele acorda sozinho no planeta vermelho com escassos suprimentos que deveriam durar para a missão de 31 dias. Ele embarca numa luta pela sobrevivência e tenta se conectar novamente com o planeta Terra.
O otimismo e o bom-humor presentes no livro de Andy Weir continuam presentes no longa que adapta o romance com maestria. As piadas de Watney com o gosto musical de sua comandante Melissa Lewis (vivida por Jessica Chastain, também de Interestelar) estão presentes no longa e as tiradas com a cultura pop em geral também.
Diferente de Gravidade, que focava apenas na missão de Sandra Bullock pela sua sobrevivência, este longa tem um grupo na Terra que está tentando salvar o astronauta, e isto traz a dinâmica para o filme. Já que dois membros do elenco também fizeram parte de Interestelar, é impossível não fazer comparações, esqueça o papo cabeça que era o cerne do longa de Nolan porque você não encontrará isto em Perdido em Marte! Ele é cheio de explicações científicas para as situações, mas elas não são o foco da atenção. O foco está na humanidade de Watney.
O 3D ajuda na ambientação das paisagens áridas grandiosas que Scott escolheu para retratar Marte. Mas o destaque real está no elenco estelar que desfila ao longo do filme. Além de Damon e Chastain, Michael Peña (Homem-Formiga), Sean Bean (O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel), Kate Mara (Quarteto Fantástico), Sebastian Stan (Capitão América 2 – O Soldado Invernal), Kristen Wiig (A Vida Secreta de Walter Mitty) e Jeff Daniels (Debi & Lóide 2).
A principal diferença do filme em relação ao livro está em seu final, mas comentá-lo seria estragar a experiência de quem não o leu. Posso dizer que este final não estraga o filme, mas se ele fosse como no livro o impacto seria maior.
Ridley Scott volta ao gênero que o consagrou, faz um entretenimento de qualidade e deixa os expectadores com os nervos a flor da pele ao longo da projeção, mesmo que os rumos da trama sejam previsíveis. O espaço é “terreno” conhecido para o diretor!