Perfeitos Desconhecidos

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Quando o celular vira espelho: Segredos à mesa em "Perfeitos Desconhecidos"

Perfeitos Desconhecidos, dirigido por Júlia Jordão é a refilmagem brasileira do filme com mais refilmagens na história. O filme é uma adaptação nacional do sucesso italiano de mesmo título, de Paolo Genovese, de 2016.

A versão brasileira consegue ganhar vida própria ao incorporar dilemas, gírias e vícios tecnológicos específicos do nosso cotidiano, tornando a situação mais familiar e, por vezes, mais desconfortável para o público local.

A história se mantém fiel à original: um grupo de amigos se reúne para um jantar e propõe um jogo em que todos devem deixar os celulares sobre a mesa e ler em voz alta todas as notificações, chamadas e mensagens que chegarem.

A trama conta sobre Carla e Gabriel, um casal que decidem fazer um simples churrasco para receber os amigos como uma inauguração de casa nova. No entanto, o que era para ser um encontro casual e sem grandes emoções, serve como palco para mudar a vida toda do casal quando a filha deles, Alice, uma adolescente cheia de opinião e influencer das redes sociais, confronta sua mãe. O motivo do embate é causado pelo fato de Carla querer se intrometer na vida da filha e espionar o seu celular. Revoltada com a situação e tentando provar para sua mãe que ela não faz nada de errado, Alice sugere que todos joguem um jogo onde o celular dos participantes devem ficar na mesa e todos precisam ler em voz alta cada mensagem que for chegando. Dessa forma o caos na família foi instaurado, pouco a pouco os segredos vão sendo revelados e todos ali na casa acabam se expondo mais do que gostariam.

O filme ilustra como o celular se tornou o “novo oráculo da verdade”, revelando segredos, traições, ciúmes e inseguranças que os personagens escondiam por trás de uma fachada de normalidade. É poderoso ao mostrar que ninguém é exatamente o que parece ser. A cada toque do celular, as máscaras sociais dos personagens caem, forçando uma reflexão sobre o quanto realmente conhecemos as pessoas que amamos e o que estamos dispostos a esconder para manter a “ilusão necessária” da sociabilidade.

O longa consegue transitar bem entre a comédia descontraída e o drama incômodo e silencioso das revelações, mantendo o público entre o riso e a reflexão.

A direção de Júlia Jordão (em sua estreia em longas após trabalhos em séries como Cidade Invisível e O Negócio) é eficaz em dar ritmo ao enredo que se passa quase inteiramente em uma sala de jantar.

O elenco, que inclui nomes como Sheron Menezzes, Danton Mello, Fabrício Boliveira, Débora Lamm e Giselle Itié, é um ponto positivo, combinando a força dos atores com a familiaridade do cenário nacional.

Em resumo, a versão de Júlia Jordão é uma adaptação bem-sucedida, que mantém a essência provocadora do original italiano, mas a enriquece com o contexto brasileiro, entregando uma experiência que é ao mesmo tempo divertida e devastadora sobre as aparências e os segredos da vida moderna.

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