Habitantes dos cantos escuros da internet, sejam bem-vindos à nave mãe. O que pode ser pior que notas baixas, ser excluído da escola, e/ou levar um fora vergonhoso na frente de todo mundo? Humm… Já sei, alienígenas ladrões de corpos substituindo seus amigos por seres intergalácticos.
“Percebendo que seus professores e colegas de classe estão se comportando de forma estranha, um grupo de estudantes tenta combater a ameaça alienígena que mudou todos ao redor.”
Um tímido aluno chamado Casey Connor (Elijah Wood) descobre, – momentos antes de ser surpreendido pelo amedrontador técnico do time de futebol, Sr. Joe Willis (Robert Patrick) – um estranho e ressecado ser no gramado do campo de futebol, como se fosse fóssil, e animado pela curiosidade, o leva para seu professor de Biologia, Professor Edward Furlong (Jon Stewart) para analisar. Já com boa parte dos principais personagens da trama ao redor, descobrem por acidente, que a água reanima o que descobriram ser um organismo aquático, porém, diferente de tudo o que já havia sido visto, uma nova espécie, capaz de se adaptar ao ambiente muito rapidamente, desenvolvendo características necessárias para sobreviver quase que instantaneamente, podendo também, imitar movimentos e formas diversas. O que ninguém sabia é que esse ser, na verdade, era como um parasita em busca de um hospedeiro, esperando apenas pelo momento certo de agir.
Essa seria apenas uma de várias descobertas de Casey, que, juntamente com sua “chefe”, Delilah (Jordana Brewster) testemunharam a enfermeira da escola sendo atacada na sala de professores.
Um a um dos professores ia sendo abordado e se tornando um com esse ser ladrão de corpos, formando uma base sólida de professores contra alunos, conseguindo assim, dominar completamente o ambiente que estão inseridos, até que finalmente decidem por aplicar “a última prova”, perseguindo agora, os alunos.
The Faculty,/b>, título original, significa – em tradução livre – “Corpo Docente”, que é exatamente o foco do horror do filme. Uma classe hierárquica que se sobrepõe aos alunos, impondo uma cultura pré-planejada, com costumes, comportamentos e ideias, muitas vezes, deixando os jovens no limite de suas habilidades físicas e psicológicas. E – os professores – são os primeiros alvos dos alienígenas invasores de corpos.
Se calcando no sucesso de filmes da época como Pânico, a obra é uma espécie de mistura do horror teen com uma ficção-científica rudimentar, numa espécie de Horror Cósmico adolescente e noventista. Portanto de certa maneira parece tentar repetir o sucesso nos mesmos moldes dos filmes de terror adolescentes da época buscando alcançar no diferencial da ficção-científica o seu lugar ao sol dentre o mar de produções em ascensão na metade da década.
Os personagens de início são bastante estereotipados, especialmente os alunos, mas, a primeira impressão logo passa nos primeiros momentos de interação de cada um deles, como por exemplo Casey, um nerd tímido, mas, que busca sair da sua casca falando o que pensa sobre as situações e pessoas a sua volta no calor do momento, Delilah, que aparentemente é apenas mais uma “mean girl”, mas, que não é somente a patricinha da escola, e sim uma ávida e destemida investigadora, Stan que é o esportista destaque do time de Futebol Americano, mas, que em uma crise de identidade persegue o sonho de ser reconhecido por sua inteligência, e não somente seus músculos, ou Zeke, o garoto problema, envolvido em atitudes criminosas, repetente, mas, que por trás de tudo isso, é um gênio à paisana.
A mistura de terror e ficção-científica não é comumente abordada por filmes mais “mainstream”, digamos assim, o que por si só já chama bastante atenção para essa obra. Neste caso, o Sci-Fy é rudimentar, simplório, fazendo o plano de fundo para que a história se desenvolva “tranquilamente”, já o terror fica por conta dos momentos de cooperatividade para a sobrevivência dos jovens, principalmente a partir do segundo ato.
Fica claro que a produção bebe de várias fontes, principalmente das que faziam o maior sucesso na década de 90, desde Pânico, – que inclusive foi escrito por Kevin Williamson – passando por Arquivo-X – praticamente a série mais relevante sobre temas de horror, ficção-científica e teorias da conspiração -, até o clássico “Invasion of the Body Snatchers”.
Outro ponto forte da produção é o elenco estrelado, se não exatamente na época, com certeza nos anos que se seguiram, com jovens e adultos que fizeram sucesso na década de 1990 e 2000, como Josh Hartnett (Halloween 20, 30 Dias de Noite, Falcão Negro em Perigo e Oppenheimer), Elijah Wood (O Anjo Malvado, O Senhor dos Anéis, Hooligans e Happy Feet), Salma Hayek (O Beco dos Milagres, Um Drink no Inferno, Frida e No Tempo das Borboletas), Usher – além de filmes, tem uma carreira músical de sucesso), dentre outros.
Além de ter em sua equipe o Kevin Williamson – um “especialista” em filmes teen – assinando o roteiro, o diretor em ascensão (à época) Robert Rodriguez vindo de bons acertos, na trilha sonora também temos o eficaz Marco Beltrami (Mutação, A Freira 2 e Guerra Mundial Z).
Em resumo, Prova Final é um filme bastante competente, apresenta conceitos rudimentares em horror e ficção-científica se tornando uma película de fácil acesso para novos e/ou jovens espectadores, com elenco estrelado, e uma equipe bastante experiente e eficaz.