Alma de Cowboy

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“Alma de Cowboy” é mais uma daquelas histórias reais lindas que é totalmente desperdiçada em um filme raso e repleto de clichês

Quando vi uma imagem do novo original Netflix, Alma de Cowboy, pensei: ah, ok, um grupo de caubóis negros em ranchos nos Estados Unidos, vai ser uma história interessante. Mas foi começar o filme pra ver que ele não era nada que eu estava imaginando. Na verdade, nossos caubóis vivem nos subúrbios da Filadélfia, nos Estados Unidos, com seus cavalos em estábulos arranjados em suas propriedades alugadas. Caubóis que estão por lá há mais de 100 anos, tentando se virar com a gentrificação da cidade. Uma história real pra lá de interessante. Mas infelizmente só a vida real dessa história é interessante. Depois de ver o filme fiquei interessada nos verdadeiros caubóis da grande cidade que fui pesquisar tudo sobre o assunto. O filme dá um gostinho nos minutos finais, quando mostra as verdadeiras histórias de alguns deles. Incrível.

No filme, Cole (Caleb McLaughlin, mais conhecido como o Lucas de Stranger Things) é um adolescente que vive com a mãe em Detroit (distante 9 horas de viagem de carro até a Filadélfia, – de nada!) e, por ser meio abandonado (a mãe tem que trabalhar muitas horas, tenho certeza, e não tem muito tempo para acompanhar o menino) vive aprontando. E depois da última expulsão de outra escola, ela decide levar o menino para viver com o pai, Idris Elba (o eterno Heimdall da série de Thor) na Filadélfia. E lá Cole vai competir pela atenção do pai com os cavalos e a comunidade de cavaleiros do asfalto.

Já deu pra ver onde mora o drama, né? Bom, a ideia de ter a história de pai e filho tentando se conhecer (literalmente) e criar laços, enquanto o moleque começa a gostar da ideia de cuidar dos cavalos e pertencer a uma comunidade, evitando assim as ruas e um destino potencialmente cruel, poderia ser muito boa, se tivesse sido melhor desenvolvida. Baseado em um romance, que é baseado na vida real, o filme tem personagens nada engajantes e trabalhados de maneira superficial, uma história dramática pelos motivos errados, muitos clichês (que preguiça de clichê!!) e problemas de continuidade… ou seja, potencial, grande potencial desperdiçado.

E fica difícil assistir um filme como este depois de ter assistido Nomadland (mano, já indiquei mil vezes. Se você não viu ainda é um dos melhores do ano!), um filme baseado em histórias reais, que trata do sonho americano em dias atuais, que tem personagens tão reais que são palpáveis! Depois de ver um filme como esse, você exige que um diretor que pegue uma história batuta como essa, de pessoas que ainda criam cavalos na cidade para simplesmente dar uma voltinha com eles, que sonham em manter crianças fora das ruas ensinando-as a cuidar, montar e amar pets do tamanho de cavalos, mano, faça-me o favor de fazer um trabalho decente.

Netflix, da próxima vez chama a Chloé Zhao (a diretora de Nomadland) pra escrever o roteiro e dirigir seu filme, caramba!

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