Se Beber, Não Case! Parte II chega com a difícil missão de repetir o sucesso estrondoso do primeiro filme, que surpreendeu o público com seu humor caótico e politicamente incorreto. E, de fato, a sequência não se desvia do caminho traçado pela original. O diretor Todd Phillips traz de volta a fórmula que funcionou, desta vez ambientando a confusão em um novo cenário exótico: a Tailândia. Mas apesar das piadas e situações hilárias, o filme acaba caindo na armadilha de parecer mais uma cópia exagerada do original do que uma nova aventura.
O enredo segue Stu (Ed Helms) que, após a lendária despedida de solteiro em Las Vegas, tenta evitar outra noite desastrosa ao se casar com Lauren (Jamie Chung) na Tailândia. Como era de se esperar, o plano de uma despedida tranquila logo vai por água abaixo, e Phil (Bradley Cooper), Alan (Zach Galifianakis) e Stu acordam em um quarto de hotel decadente em Bangkok sem lembrança do que aconteceu na noite anterior. A missão, novamente, é desvendar o que aconteceu, encontrar o irmão da noiva, Teddy (Mason Lee), e voltar a tempo para o casamento.
Embora Se Beber, Não Case! Parte II tente inovar com a mudança de cenário, o filme não foge muito da estrutura do primeiro. O roteiro repete a fórmula do mistério a ser resolvido, com os personagens seguindo pistas para descobrir o que aconteceu durante a noite que eles esqueceram. Essa familiaridade, embora reconfortante para os fãs do primeiro filme, pode parecer previsível demais para quem esperava algo diferente. A Tailândia oferece um novo pano de fundo vibrante e caótico, mas as piadas e reviravoltas são, em grande parte, variações do que já vimos.
Apesar da repetição de situações, o humor continua sendo o ponto forte do filme. Para aqueles que apreciam comédia com um toque mais sombrio, repleta de momentos rudes, grosseiros e até escatológicos, Se Beber, Não Case! Parte II não decepciona. Algumas cenas são chocantes e engraçadas ao mesmo tempo, especialmente envolvendo o personagem de Alan, interpretado com maestria por Zach Galifianakis. Seu comportamento absurdo e imprevisível continua sendo um dos destaques da série, e Galifianakis consegue roubar a cena sempre que aparece.
Os atores principais, Bradley Cooper, Ed Helms e Zach Galifianakis, retornam com a mesma química que fez o primeiro filme funcionar tão bem. Cooper mantém seu charme como o líder do grupo, Helms brilha ao interpretar o neurótico Stu, e Galifianakis eleva Alan a um novo nível de loucura. O trio funciona como um relógio, e mesmo que as situações em que eles se encontrem sejam familiares, é divertido vê-los lidar com cada nova catástrofe.
A presença de personagens coadjuvantes como Ken Jeong, reprisando o papel de Mr. Chow, e a adição de novos rostos como Paul Giamatti, enriquecem o elenco, trazendo ainda mais caos para a já caótica aventura. No entanto, assim como no primeiro filme, Justin Bartha é novamente subutilizado, ficando de fora da maior parte da ação. Já o retorno de Mike Tyson é um aceno ao filme original, mas sua participação desta vez parece mais forçada e menos memorável.
O humor visual e físico continua sendo uma marca registrada, com as fotos do “antes e depois” durante os créditos finais sendo uma das partes mais engraçadas. Assim como no primeiro Se Beber, Não Case!, as imagens revelam detalhes da noite perdida que os personagens prefeririam esquecer, gerando algumas das maiores risadas do filme. E, novamente, o filme não hesita em ser provocativo, oferecendo cenas que não são para os fracos de coração.
Como acontece frequentemente com sequências, Se Beber, Não Case! Parte II não consegue recriar completamente a surpresa e frescor do original. A sensação de déjà vu é inevitável, e muitos momentos parecem ter sido incluídos simplesmente para atender às expectativas do público que adorou o primeiro filme. Ainda assim, o humor irreverente e a química entre os personagens garantem boas risadas, tornando o filme uma sequência digna, ainda que não tão inovadora quanto poderia ser.
No final das contas, Se Beber, Não Case! Parte II entrega exatamente o que se espera: uma comédia exagerada e repleta de momentos absurdos. Pode não ter o mesmo impacto inesperado do primeiro filme, mas continua sendo uma divertida viagem pelo caos com os membros da “Matilha”. Para aqueles que se divertiram com as aventuras em Las Vegas, a visita a Bangkok certamente trará mais uma ressaca repleta de risadas.