A Bruxa de Blair

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Sustos e mistério na mata: o legado de "A Bruxa de Blair" tantos anos depois

O ano é 1999. Chego em casa com um CD promocional de A Bruxa de Blair e vou até a casa da minha tia, que tem um computador em casa, para assistirmos, junto com outra tia, o vídeo contido no CD. Meu discurso é puramente uma reprodução do que ouvi de amigos: “esse filme é baseado em fatos reais, essa galera desapareceu procurando uma bruxa no meio do mato e as fitas foram encontradas”. Minhas tias assistem o trailer estarrecidas. Resultado: pelo menos uma delas eu sei que nunca teve coragem de assistir o filme, mesmo depois que contei que o lance não era real.

O estilo “found footage”, que trata basicamente de filmes encontrados e que relatam uma “história real” (coloco entre aspas porque hoje em dia, diferente das coitada das minhas tias nos idos da década de 1990, nós sabemos que não tem nada de real nessas histórias) teve um renascimento com A Bruxa de Blair, no final da década de 1990. Antes dele teve Holocausto Canibal (só recomendo para quem tem estômago forte), que deve ter assustado a galera de verdade. E depois o estilo ganhou força com Atividade Paranormal, [REC] e Cloverfield – Monstro, que fizeram todos muito sucesso e mataram o público de susto com suas histórias “reais” em 2007 e 2008.

Voltando à história da famosa bruxa de Blair, puta merda, que filmaço! Bom, pelo menos eu pensei assim. Fui ao cinema conferir o bendito filme real, e passei a semana seguinte sem conseguir pregar o olho direito à noite. Me meteu muito medo, mesmo sem eu ver bruxa alguma no filme. Ou seja, tudo comandado pela minha perspicaz imaginação (considero fortemente, caro leitor, que esse seja o problema). Mas vale ressaltar que recomendei o filme para diversas amigas que odiaram a experiência por considerá-lo chato. Chato? Caralho, como alguém consegue sair ileso àquelas mãozinhas? Socorroooo!!!

Resgatando a história, três jovens se metem no meio da mata para investigar a lenda de uma bruxa na cidade de Blair. E conforme eles vão se aprofundando na mata, passando as noites naquele lugar ermo e lendo histórias macabras sobre a lenda, nós, eu e você, caro leitor, vamos mergulhando de cabeça em uma narrativa densa e pegajosa. Ao final, você está completamente envolto nas redes de uma lenda que não precisa de efeitos especiais pra te convencer de seu poder aterrorizante.

Bom, minha opinião. Esse filme ainda é um dos meus preferidos de terror, e ainda assisto ele com muito respeito, quase 25 anos depois. Pra mim ele envelheceu como um bom vinho, entregando bons sustos e momentos desesperadores (as mãozinhas, caro leitor, as mãozinhas!!!).

Fora a história, vale ressaltar como o filme, que custou entre 20k e 30k de doletas (apesar de a pós-produção ter custado mais uns 500-750k), ou seja, saiu de grátis, foi feito de maneira bem rudimentar, mas inteligente. Os diretores Daniel Myrick e Eduardo Sánchez começaram a pensar na história enquanto estavam na faculdade. Eles escreveram o roteiro, contrataram três atores e largaram os caras no meio da mata, com duas câmeras, por 8 dias, dando uma ideia da história e pistas dos próximos passos – ou seja, os caras foram os reis do improviso! As filmagens terminaram no dia 31 de outubro de 1997 (ai, Halloween, super simbólico, olha lá!) e o filme foi lançado em janeiro de 1999. Rendeu mais de 250 milhões de doletas, minha gente!

E o marketing desse filme? Brilhante! A galera tava no cagaço e morrendo de vontade de ver o filme muito antes de qualquer pessoa ter pisado em um cinema! Eu recebi um CD, muita gente teve acesso ao site, e o lance viralizou em uma época que a internet não é o que é hoje! Uma façanha, temos que admitir!

Bom, é isso. Vai conferir esse filme, vale muito a pena! E cuidado com as mãozinhas!!!!

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