Aquela Sensação que o Tempo de Fazer Algo Passou

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“Aquela Sensação que o Tempo de Fazer Algo Passou”: Uma comédia diferente que expõe a crise existencial da geração Millennialls

Aqui vão algumas informações rápidas sobre o filme:

  1. Dirigido, roteirizado, editado e estrelado pela mesma pessoa, a incrível Joanna Arnow.
  2. Recebeu críticas positivas em Cannes.
  3. Tem classificação para pessoas acima de 16 anos.
  4. É uma comédia moderna, ou seja, possui temas específicos que talvez não ressoem com todo mundo.
  5. Possui temática BDSM.

Qual a história?<;b>

Ann enfrenta a estagnação em um relacionamento casual de BDSM, um emprego medíocre e uma família judaica conflituosa. Em meio à alienação crescente, ela luta para encontrar seu caminho nesta comédia autodepreciativa.

Joanna Arnow é uma artista? Uma narcisista? Ou uma aluna de cinema de um país subdesenvolvido?

Antes de responder a essas perguntas quero dizer que gosto é algo subjetivo. O que agrada a uma pessoa pode não agradar a outra. Dessa forma, o filme Aquela Sensação que o Tempo de Fazer Algo Passou pode arrancar elogios ou críticas, dependendo de quem assiste. Entretanto, temos que concordar que Joanna Arnow foi corajosa. E bota corajosa nisso!

Arnow deu a cara tapa: fez o roteiro, dirigiu, editou e ainda atuou no próprio filme. A diretora estreante se expôs de uma forma que deixaria Marina Abramovic encantada. Inclusive, fazia muito tempo que eu não via esse tipo de produção “eu, eu mesmo, e eu de novo” furar a bolha indie.

Dirigir e atuar no próprio filme não é algo comum, mas acontece uma vez ou outra. Woody Allen, por exemplo, adora esse combo. Talvez ele seja um dos maiores exemplos quando o assunto é monopolizar funções criativas. São muitos os filmes em que ele atua, dirige e assina o roteiro. Seria então Arnow uma espécie de Woody Allen Millennial?

Ou seria ela uma jovem narcisista, que adora se expor e se considera melhor que outras pessoas? E por isso acumula funções ao invés de delegar? Bom, muita gente também pensa isso de Woddy Allen, então é mais um ponto a favor nessa comparação.

Mas isso seria diferente se Arnow fosse brasileira. Por aqui, a falta de orçamento das escolas de cinema exige que os alunos façam de tudo! Literalmente TUDO! Os créditos praticamente possuem um ou dois nomes. No Brasil, Arnow não seria considerada narcisista. Mas como não é o caso, vou tentar enxergar Arnow como uma pessoa bem peculiar, dotada de um talento único e bastante curioso. Isso ajuda a entender melhor o seu filme e o que ela quis nos contar.

O filme é uma autoficção constrangedoram nas consegue nos fazer rir

Não basta ser tudo no filme, Arnow ainda conseguiu expor sua vida pessoal. Eventos de sua vida serviram como inspiração para sua personagem. E ao saber disso, a sensação de “por que você fez isso, garota?” só aumenta a cada minuto.

É uma mistura de vergonha alheia com riso solto. É uma combinação que funciona!

Um filme para Millennials

Obviamente, o filme é para um público maior do que os dessa geração. Entretanto, as crises de existência se aplicam melhor para essas pessoas que hoje estão entre 30 e 45 anos. Eu mesmo me identifiquei com alguns dos problemas vivenciados pela personagem, mesmo no meio do caos em que ela se encontra. E isso é um ponto positivo para Joanna Arnow.

Quero relembrar aqui, que muitos anos atrás, uma série chamada GIRLS falava especificamente com esse público Millennial. Girls foi escrita pela icônica Lena Dunham, que também atuava na série. Junto dela estava um elenco que anos depois se tornaria memorável, principalmente por conta de Adam Driver em Star Wars.

Greta Gerwig (diretora de ) e Lena Dunham fizeram parte de uma efervescência cinematográfica vivida em Nova York entre 2005 e 20015. Gerwig com o seu Frances Ha e Dunham com Girls, ambos de 2012, retratavam Millennials tentando se encontrar em seus poucos 20 anos.

Mais de uma década se passou, e agora Arnow nos mostra como aqueles jovens estão enfrentando a crise da meia idade. O que me faz pensar: será que ser Millennial é viver sempre em crises existenciais?

Vale a pena ver nos cinemas?

Se você tiver mais de 30 anos, vale sim! Acredito que o roteiro conversa melhor com o público. Pessoas mais jovens talvez se sintam um pouco perdidas com as crises da personagem do filme, e achem tudo muito exagerado ou non sense. Acredito que seja por esse motivo que o filme vem recebendo a maioria das críticas negativas.

Aquela Sensação que o Tempo de Fazer Algo Passou possui uma vibe bem específica, que se conecta com um público bem específico. E esse público em questão vai adorar se reconhecer nas cenas do filme de Joanna Arnow.

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