Karatê Kid IV: A Nova Aventura

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"Karatê Kid IV": Troca de protagonista, mas não de roteiro

Karatê Kid IV: A Nova Aventura tenta dar um novo fôlego à franquia ao trocar o protagonista Daniel LaRusso por Julie Pierce, vivida por uma jovem Hilary Swank em seu primeiro papel de destaque. A ideia poderia ter funcionado como um recomeço ousado, mas o que o filme entrega é uma variação pouco inspirada da fórmula já desgastada, com um roteiro que recicla conflitos e arquétipos sem grande envolvimento emocional.

Pat Morita retorna como Mr. Miyagi, agora como único elo com os filmes anteriores. Sua presença, como sempre, empresta alguma dignidade à história, mas o personagem parece um tanto deslocado em meio ao tom irregular do filme. O roteiro força situações cômicas e espirituais (como a convivência com monges excêntricos e uma sequência de dança digna de comédias adolescentes) que quebram o pouco de seriedade que a trama tenta alcançar.

Julie é apresentada como uma adolescente rebelde e traumatizada pela perda dos pais. Seu comportamento agressivo e desafiador é o ponto de partida para mais uma jornada de transformação guiada pelos ensinamentos de Miyagi. Embora Swank mostre carisma e intensidade, seu arco de amadurecimento segue uma trilha previsível demais, sem a complexidade emocional que poderia tornar sua trajetória realmente marcante.

Os antagonistas também seguem o padrão: um valentão misógino (Ned), um interesse romântico compreensivo (Eric), e um grupo de garotos violentos que atuam como vilões secundários. Nada disso parece novo ou interessante. O conflito central perde força diante de subtramas rasas, diálogos expositivos e uma direção que hesita entre o drama e a comédia leve.

Há algo de louvável na tentativa de continuar uma franquia com uma protagonista feminina, especialmente nos anos 1990, mas Karatê Kid IV: A Nova Aventura não aproveita bem esse diferencial. Julie poderia ter sido uma figura poderosa e inspiradora, mas o filme insiste em enquadrá-la nos mesmos moldes narrativos já usados com Daniel — e sem a mesma força dramática.

O ritmo arrastado também contribui para o desinteresse. Ao invés de focar em conflitos internos ou no aprendizado do karatê como ferramenta de equilíbrio e autoconhecimento, o filme se perde em passagens repetitivas, lições mastigadas demais e um humor deslocado. A ausência de qualquer menção ao paradeiro de Daniel LaRusso enfraquece ainda mais o elo emocional com a saga original.

No fim das contas, Karatê Kid IV: A Nova Aventura é um capítulo esquecível da série. Não é ofensivamente ruim, mas também não oferece nada que justifique sua existência além da boa vontade de Morita e do talento emergente de Swank. Para uma franquia que começou com tanto coração, este quarto filme é uma sombra pálida de seu próprio legado.

Conheça os demais filmes da franquia

Clique nos pôsteres para ler nossa crítica sobre o filme.

KARATÊ KID: A HORA DA VERDADE
(1984)

KARATÊ KID II: A HORA DA VERDADE CONTINUA
(1986)

KARATÊ KID III: O DESAFIO FINAL
(1989)

KARATÊ KID 4: A NOVA AVENTURA
(1994)

KARATÊ KID
(2010)

KARATÊ KID: LENDAS
(2025)