Matrix: Resurrections

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“Matrix: Resurrections”: Um retorno desnecessário e sem brilho algum

Matrix: Resurrections traz de volta uma franquia que já havia sido encerrada, e o resultado é um filme arrastado e vazio. Após quase duas décadas desde o último filme, seria de se esperar que a narrativa fosse cuidadosamente elaborada e surpreendente, mas o que recebemos é uma tentativa sem alma de reviver personagens e conceitos que funcionaram no passado, sem agregar nada de novo ou relevante à saga.

A trama começa de forma promissora, com Thomas Anderson (Keanu Reeves) vivendo uma vida aparentemente comum como um designer de videogames, sem se lembrar de seu passado como Neo. Ele é constantemente atormentado por memórias e visões, o que o leva a uma nova versão da Matrix. Essa primeira parte até apresenta algumas possibilidades interessantes, especialmente ao brincar com a ideia de uma “meta” dentro do universo de Matrix, mas logo se perde em uma trama confusa e sem propósito.

Uma das maiores falhas de Matrix: Resurrections é a falta de justificativa para o retorno de Neo e Trinity (Carrie-Anne Moss). Após a conclusão definitiva em Matrix: Revolutions, ressuscitar ambos os personagens soa forçado, e o filme não oferece uma explicação convincente para isso. O suspense, que era parte essencial da saga, desaparece, já que, com a ideia de ressuscitar qualquer um, não há mais consequências reais nas ações dos personagens.

As cenas de ação, que sempre foram uma marca registrada da franquia, ainda mantêm certo charme visual, mas a “novidade” se esgotou. Em vez de inovações, o filme recicla sequências familiares e perde a força que tinha no passado. A direção de Lana Wachowski, desta vez sem a colaboração de sua irmã, Lily, carece da energia criativa que tornava as cenas de ação de Matrix únicas. Infelizmente, muitas dessas cenas acabam se assemelhando mais ao trabalho de Michael Bay, com explosões gratuitas e pouco envolvimento emocional.

O retorno de personagens icônicos como Morpheus e o Agente Smith, agora interpretados por Yahya Abdul-Mateen II e Jonathan Groff, respectivamente, traz mais frustração do que nostalgia. A ausência de Laurence Fishburne e Hugo Weaving é sentida, e suas substituições não conseguem preencher o vazio deixado pelos atores originais. Em vez de parecerem versões reformuladas, esses novos rostos se mostram como imitações pálidas, sem a profundidade e carisma de seus antecessores.

A conclusão do filme é talvez o maior desastre. Em meio a uma confusão de efeitos especiais e lutas sem propósito, fica difícil entender o que está realmente acontecendo. As regras da Matrix, que antes eram claras e interessantes, agora parecem maleáveis e sem lógica. Neo ganha e perde poderes de maneira arbitrária, e as explosões e cenas de ação se tornam repetitivas e desprovidas de significado, tornando o clímax um dos mais decepcionantes de qualquer blockbuster recente.

Trazer uma franquia de volta depois de tanto tempo requer mais do que apenas a nostalgia de fãs antigos. Filmes como Predador, Alien e Ghostbusters já provaram que esse tipo de estratégia nem sempre dá certo. No caso de Matrix: Resurrections, nem o retorno de Keanu Reeves e Carrie-Anne Moss foi suficiente para resgatar o espírito original da saga, e a ausência de Fishburne e Weaving deixou lacunas que jamais foram preenchidas. Sem os pilares que sustentavam a narrativa, o filme cai por terra.

Ao refletir sobre o legado da franquia, fica claro que o final em Matrix teria sido o suficiente. Os filmes subsequentes não só falharam em expandir a mitologia de maneira satisfatória, como também diluíram a originalidade e a força da história inicial. Matrix: Resurrections prova ser mais uma sequência desnecessária, que não apenas desperdiça o tempo e dinheiro dos fãs, mas também destroi parte da herança de uma franquia que, em seu auge, foi revolucionária.

Para os fãs de longa data, Matrix: Resurrections é uma grande decepção. Ao invés de um retorno triunfal, o filme é um lembrete doloroso de que, às vezes, certas histórias devem permanecer no passado.

Conheça os demais filmes da franquia

Clique nos pôsteres para ler nossa crítica sobre o filme.

MATRIX
(1999)

MATRIX: RELOADED
(2003)

MATRIX: REVOLUTIONS
(2003)

MATRIX: RESURRECTIONS
(2021)