Matrix: Revolutions encerra a trilogia de forma decepcionante, deixando a impressão de que, por mais que o visual seja impressionante, a profundidade e a originalidade que tornaram o primeiro filme tão impactante foram substituídas por ação e efeitos especiais exagerados. Embora este terceiro filme forneça respostas para as questões levantadas anteriormente, o peso filosófico que sustenta a saga parece ter se perdido.
A trama retoma diretamente de onde Matrix: Reloaded parou. Neo (Keanu Reeves) está em coma, preso em uma espécie de limbo entre a Matrix e o mundo real, enquanto as máquinas avançam em sua ofensiva contra Zion. Trinity (Carrie-Anne Moss) e Morpheus (Laurence Fishburne) buscam resgatá-lo com a ajuda de Merovingian (Lambert Wilson), mas a verdadeira batalha se aproxima, e todos estão se preparando para o confronto decisivo. Enquanto isso, o Agente Smith (Hugo Weaving) continua a evoluir como uma ameaça formidável, com intenções que ultrapassam a destruição de Neo.
O maior problema de Matrix: Revolutions é o desequilíbrio entre ação e narrativa. Embora o filme tenha algumas cenas de ação memoráveis, como a defesa de Zion contra os sentinelas, boa parte do que acontece parece mais voltada para impressionar visualmente do que para contar uma história significativa. A batalha por Zion, que deveria ser o momento mais dramático e emocionante, acaba se parecendo mais com um videogame do que com a resistência final da humanidade.
Enquanto Neo foi praticamente invencível em Matrix: Reloaded, aqui ele volta a ser um personagem mais vulnerável. Essa mudança adiciona um pouco mais de incerteza ao seu destino, mas, ao mesmo tempo, expõe as limitações de Keanu Reeves como ator. Quando o roteiro exige que ele demonstre emoções mais profundas, a atuação deixa a desejar, e o impacto emocional das cenas sofre com isso. Carrie-Anne Moss e Laurence Fishburne, que anteriormente foram pilares de força, parecem estar no piloto automático, sem entregar a intensidade que se esperaria deles.
Ainda assim, há algumas atuações que merecem destaque. Harold Perrineau Jr. e Jada Pinkett Smith, como Link e Niobe, trazem energia em suas participações, embora seus personagens não tenham tanto tempo de tela. Lambert Wilson como Merovingian e Monica Bellucci como Persephone são subutilizados, e a nova Oráculo, interpretada por Mary Alice, não consegue trazer a mesma presença enigmática que Gloria Foster havia estabelecido nos filmes anteriores.
Se há algo que Matrix: Revolutions faz bem, é criar um espetáculo visual. Os efeitos especiais são tecnicamente impecáveis, e algumas das cenas, especialmente durante a batalha em Zion, são grandiosas e cheias de detalhes. No entanto, a predominância da computação gráfica é tão grande que acaba tirando a imersão do espectador, tornando difícil sentir o verdadeiro peso emocional do que está em jogo.
Apesar da estética incrível e do orçamento elevado, o filme falha em resgatar a mistura única de ficção científica, filosofia e ação que marcou os dois primeiros capítulos da trilogia. As discussões sobre livre-arbítrio e destino, que já eram centrais em Matrix e Matrix: Reloaded, aqui se tornam repetitivas e não trazem novos insights. Ao invés de ampliar as questões levantadas, o filme parece se contentar em resolvê-las de forma superficial.
No final das contas, Matrix: Revolutions entrega o necessário para concluir a trilogia, mas não surpreende nem inova. A grande batalha final entre Neo e Smith, que deveria ser o clímax, acaba sendo uma versão glorificada de um combate de videogame, sem a profundidade emocional que o confronto merecia. Para aqueles que seguiram a saga desde o início, o filme oferece algumas respostas, mas deixa a sensação de que algo grandioso ficou pelo caminho.
Embora os fãs da série possam encontrar algum prazer em finalmente descobrir como a história termina, Matrix: Revolutions está longe de ser o final épico que muitos esperavam. É um filme que impressiona visualmente, mas carece da alma e do frescor que fizeram de Matrix um marco no cinema. Para muitos, este desfecho será lembrado mais por suas falhas do que por suas conquistas.