Comédia romântica. No caso, o gênero é definidor. Previsibilidade e romance inócuo assimilados, falemos de outras coisas.
“O noivo da minha melhor amiga” é uma tradução tolerável, no entanto, trata-se do ponto de vista errado: Rachel (Ginnifer Goodwin) é sem graça, de um jeito sem graça tão bem feito que não se pode extrapolar e dizer que se trata de uma novidade num papel de comédia romântica. A casa dela não interessa, seu local de trabalho não interessa, o local que ela almoça sempre com seu melhor amigo, Ethan (John Krasinski), não interessa (o que torna o “olha só o que eu trouxe para você” dela para ele no aeroporto de Londres, já no final do filme, deslocado). Sinceramente, nem Dex (Colley Eggelsfield), noivo e amor de sua vida, interessa. Já Darcy, a melhor amiga, interessa, ao menos por um tempo.
Entendo, claro, que “Minha melhor amiga e meu noivo?” não atrai o público alvo. Num mundo perfeito, não atrairia ninguém, aliás. Todavia, a pertinência é muito maior, razão pela qual Darcy é interpretada por Kate Hudson. Darcy sempre conquista o que quer; Rachel, não. Hudson rouba a cena; Goodwin, não. Darcy didn’t borrow anything. She took it. Enfim, é o tipo de filme em que os protagonistas figuram, os antagonistas brilham e os coadjuvantes atraem a atenção e a simpatia do espectador.
O “tipo”, mas não um bom representante. Mesmo ignorando os clichês, alguma coisa incomoda: o filme se auto-sabota. Como Dex e Rachel, isoladamente e como casal, são desinteressantes, naturalmente os outros se destacariam, o que torna incabível Darcy, Marcus (Steve Howey) e Claire (personagem de Ashley Williams que se joga descaradamente em cima de Ethan) serem tão caricatos. Darcy não precisa lançar comentários como “Você distendeu sua vagina?” para embaraçar a melhor amiga, sem exageros ela já é detestável. E Marcus (o maior responsável pelo tom de comédia – ruim, diga-se de passagem -, o que justifica seu papel ter mais importância do que normalmente teria) não precisa ser tão repulsivo para ser “o galinha”. Ou metido a. Mesmo porque ambos são bons atores, em suas áreas. Dessa forma, ao espectador só resta Ethan (Krasinski é extremamente carismático), motivo pelo qual é pela história de amor dele que torcemos no final. Rachel e Dex passam em branco, Darcy e Marcus são insuportáveis, Claire é irritante e você, Ethan, você aparece tão pouco. Em se tratando de um filme em que as atuações são o que mais importa no sucesso da fórmula da narrativa…