Porto Príncipe

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"Porto Príncipe": Um encontro de almas entre a serra e o mar

Mais do que narrar os dramas de dois personagens completamente diferentes, Porto Príncipe é uma história que aproxima, que abre caminhos pela serra e nos leva seguramente até o mar.

Bertha (Selma Egrei) é uma senhora que vive sozinha em sua chácara na serra catarinense desde que ficou viúva. Sem muitas perspectivas, ela se apega à memória afetiva que tem do lugar e se recusa a abandonar sua casa, o que em muito contraria o filho. Depois de ver que um grupo de haitianos chegou na cidade, Bertha encontra no refugiado Bastide (Diderot Senat) a resposta para sua situação: contratar o rapaz para ajudá-la nos afazeres e seguir com sua independência. Até que tudo se ajeite, ambos encontrar abrigo numa amizade que vai além de qualquer fronteira.

A premissa do filme é maravilhosa, e durante a história temos vislumbre de uma ótima execução de narrativa quando algumas cenas específicas entram em foco. Um diálogo dito em língua nativa, uma música que transporta para outra época, o título de um livro que diz mais do que é possível ver dentro das páginas. Contudo, infelizmente o conjunto da obra não foi o que bastou para o longa causar maior impacto. Há grande potencial inexplorado, que parece se apoiar em cenas jornalísticas dos escombros que restaram após o desastre no Haiti. Além disso, não houve uma exploração mais detalhada do que estava sendo dito e vivenciado pelos personagens, e a falta de uma abordagem mais íntima e com menos intuito de exibição faz o expectador ser apenas isso, alguém que assiste em vez de absorver a história.

Em contrapartida, os atores claramente estão dando tudo de si, com destaque, claro, para a dupla principal. Cada pedaço das próprias histórias que eles compartilham é como se estivéssemos todos conversando sobre aquilo que guardamos em nós mesmos de mais precioso: quem somos, do que gostamos, onde é nossa casa.

Ainda que não seja um super destaque, Porto Príncipe merece a relevância conquistada por Maria Emília de Azevedo, diretora estreante, simplesmente por ser capaz de gerar forte empatia e provar como as amizades, as nossas semelhanças mesmo em meio as diferenças e principalmente nossa humanidade são maiores do que qualquer coisa, só precisamos da oportunidade.

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