Val (Regina Casé, de Made in China) trabalha e vive como uma governanta em uma famÃlia da elite paulista, e, como muitas em sua posição, é quase como uma segunda mãe para o menino da famÃlia, Fabinho (Michel Joelsas, de O Ano em Que Meus Pais SaÃram de Férias). Ela é o alicerce desta casa para a qual trabalha, em detrimento de sua própria famÃlia.
Durante os últimos 10 anos ela sequer viu sua filha, Jéssica (Camila Márdila, de O Outro Lado do ParaÃso), que ela deixou para trás no nordeste para tentar a vida em São Paulo.
É quando Que Horas Ela Volta? dá a Val uma segunda chance: Jéssica irá prestar o vestibular em uma Universidade de São Paulo e resolve morar com sua mãe, mas inicialmente teria de dividir o quartinho que ela ocupa na casa da abastada famÃlia paulista.
Jéssica cria um caos na vida de Val e o desconforto serve para mostrar que, embora os empregadores de Val digam que ela é “parte da famÃlia”, a realidade dura é totalmente outra e ela não podia ser mais segregada pelo meio em que vive.
O filme de Anna Muylaert, diretora do ótimo Durval Discos (2002), traz um olhar interessante sobre a divisão de classes no Brasil, sem soar como um sermão ou aula a respeito. É a história de uma mulher que pensava ter desistido da maternidade, mas que estava sendo mãe o tempo todo, mesmo que não fosse para sua filha biológica.
Casé faz uma Val natural e real. A atriz consegue mostrar todo o afeto pela famÃlia que a acolheu prendendo-a nesta realidade em parte cruel, até que sua filha faz ela mudar de percepção aos poucos. O filme deve gerar certo desconforto para esta classe mais abastada, mas é, sem dúvidas, uma discussão atual e necessária sobre esse choque de classes e realidades.
Nota:
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