The Post – A Guerra Secreta

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"The Post" retrata um momento importante da história jornalística

Não me entenda mal: Steven Spielberd é um grande cineasta. Dito isto, posso acrescentar que não tenho me deslumbrado tanto com o cinema recente do diretor, mesmo com os indicados Ponte dos Espiões, Cavalo de Guerra e Lincoln. Minha sensação é que o cineasta se perde dentro dos seus filmes e tem dificuldade para resolver seus terceiros atos, apressados e estranhos. The Post – A Guerra Secreta é a volta do diretor à boa forma, mas ainda com um ritmo meio lento. O que salva mesmo o filme é sua excelente dupla de protagonistas.

No longa, indicado em duas categorias ao Oscar 2018 (Melhor Filme e Melhor Atriz), Kat Graham (Meryl Streep) é a dona do The Washington Post, um jornal local que está prestes a lançar suas ações na Bolsa de Valores de forma a se capitalizar e, consequentemente, ganhar fôlego financeiro. Ben Bradlee (Tom Hanks) é o editor-chefe do jornal, ávido por alguma grande notícia que possa fazer com que o jornal suba de patamar no sempre acirrado mercado jornalístico. Quando o New York Times inicia uma série de matérias denunciando que vários governos norte-americanos mentiram acerca da atuação do país na Guerra do Vietnã, com base em documentos sigilosos do Pentágono, o presidente Richard Nixon decide processar o jornal com base na Lei de Espionagem, de forma que nada mais seja divulgado. A proibição é concedida por um juiz, o que faz com que os documentos cheguem às mãos de Bradlee e sua equipe, que precisa agora convencer Kat e os demais responsáveis pelo The Washington Post sobre a importância da publicação de forma a defender a liberdade de imprensa.

The Post funciona onde os recentes filmes do diretor falharam. Ele constrói o filme levando sua trama rumo ao terceiro ato, culminando em um arroubo de prazer com a publicação dos papéis secretos que a trama mostra. Dá para considerar o filme uma espécie de falso documentário dramático.

Em tempos nos quais tantas notícias falsas circulam na Internet e também vemos a mídia tradicional manipular descaradamente a população, The Post conta uma história americana importante, tanto para o jornalismo quanto para a política do país nas fatídicas semanas do verão de 1971.

Se Spielberg consegue desenvolver melhor The Post do que seus lançamentos anteriores, isso se dá pelo envolvimento de Meryl Streep (em sua 21ª indicação ao Oscar) e Tom Hanks, principalmente.

É interessante pois The Post funciona como um conto sobre o triunfo jornalístico e a aceitação da personagem de Streep quanto ao seu posicionamento enquanto proprietária do jornal que dá título ao filme. Outrora filha do dono do jornal que depois foi deixado para seu marido, ela precisa aceitar seu papel como manda-chuva da empresa, mesmo em um ambiente corporativo predominantemente machista. Sua decisão de publicar os documentos se torna uma afirmação potente e consolida suas decisões perante o conselho da empresa.

Os Papéis do Pentágono marcaram um momento icônico na história americana: a imprensa reivindicava sua própria liberdade lançando luz sobre os excessos de poder. The Post celebra o significado dessas ações e se aproveita da nostalgia pelos dias de glória dos jornais para isso. Nos levando de volta a um momento importante, o longa fala sobre as liberdades que pensávamos ter. Apenas pensávamos… talvez seja assim até hoje!

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